Bloomberg — Os EUA e seus aliados estavam preparados para a invasão da Ucrânia pela Rússia e os “ditadores” devem pagar um preço por sua agressão, disse o presidente Joe Biden em seu primeiro discurso sobre o Estado da União nesta terça-feira.
A “guerra do presidente russo Vladimir Putin foi premeditada e não provocada”, acrescentou Biden, defendendo os esforços do Ocidente para paralisar a economia russa com sanções, além de fornecimento de armas aos militares da Ucrânia.
“Ele achou que o Ocidente e a OTAN não responderiam. E ele pensou que poderia nos dividir aqui em casa”, disse. “Putin estava errado. Estávamos prontos.”
Em uma demonstração de solidariedade com Kiev, a embaixadora da Ucrânia nos EUA, Oksana Markarova, foi convidada para o discurso. Biden também anunciou que os EUA está fechando seu espaço aéreo para as companhias aéreas russas, seguindo o exemplo de mais de uma dezena de países europeus.
A guerra na Ucrânia forçou a Casa Branca a reformular parte do que é tradicionalmente um discurso focado em questões domésticas. Biden alertou que, sem impor punições severas a Putin, suas ambições expansionistas podem se estender ainda mais na Europa.
“Ao longo de nossa história, aprendemos esta lição – quando os ditadores não pagam um preço por sua agressão, causam mais caos”, disse Biden.
O discurso de terça-feira à noite não foi o primeiro em que Biden chamou Putin de ditador. Ele colocou o rótulo no líder russo como candidato presidencial em maio de 2019 e também o chamou de “assassino” e “autocrata”. Mas os comentários tiveram um novo peso devido à guerra na Europa.
Entre os problemas domésticos de Biden, estão os temores de que a guerra possa se transformar em um conflito mais amplo. Durante sua campanha, Biden disse que suas décadas de experiência em política externa o tornaram mais bem equipado para orientar o papel dos Estados Unidos no mundo. Mas a retirada desastrosa dos EUA do Afeganistão abalou a confiança do público em sua liderança, precipitando uma erosão de seu índice de aprovação.
O discurso de Biden, no entanto, ainda se concentrou principalmente nas preocupações domésticas, enquanto seu governo se prepara para as eleições de meio de mandato que favorecem o Partido Republicano.
Momento difícil para Biden
O discurso, o segundo de Biden em uma sessão conjunta do Congresso, ocorre em um momento perigoso para sua presidência. A maioria dos americanos permanece profundamente pessimista sobre a direção do país após a pandemia e o estado da economia. Também tem dúvidas sobre sua liderança e a de seus colegas democratas, segundo as pesquisas.
Biden planeja um novo plano econômico depois que sua proposta anterior, “Build Back Better”, foi rejeitada pelos republicanos e democratas. As medidas endereçam duas questões na mente da maioria dos americanos: o aumento dos preços ao consumidor e a pandemia ainda persistente.
“Temos uma escolha”, disse. “Uma maneira de combater a inflação é reduzir os salários e tornar os americanos mais pobres. Tenho um plano melhor para combater a inflação.”
Biden defendeu medidas para impulsionar a indústria, fortalecer as cadeias de suprimentos, reduzir os custos de assistência médica e de idosos, e reduzir o déficit orçamentário federal. É um conjunto de políticas que podem ter como objetivo atrair o apoio de moderados como o senador democrata da Virgínia Ocidental Joe Manchin, cuja oposição ao “Build Back Better” – em parte por preocupações com déficit e inflação – efetivamente rejeitou o plano de gastos sociais.
Embora a posição política de Biden tenha sofrido uma derrota nos últimos seis meses, ele defende sua maneira de lidar com a economia e o coronavírus. Ele destacou o sucesso do governo em promover o crescimento mais rápido em 40 anos.
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