Bloomberg Línea — As commodities agrícolas nem tiveram um dia tão positivo hoje no mercado internacional, mas a alta acumulada ao longo dos últimos dias, enquanto a bolsa brasileira estava fechada por conta do ferial de Carnaval, foi suficiente para impulsionar os preços das ações da SLC (SLCE3). Os papeis de uma das maiores produtoras de commodities agrícolas do Brasil dispararam no pregão de hoje e terminaram o pregão de hoje com ganhos de 8,83%. A valorização da empresa gaúcha foi a maior entre as ações das companhias pertencentes à cadeia do agronegócio listadas na B3.
De modo geral, todas as ações relacionadas ao setor terminaram a quarta-feira em alta. As exceções foram BRF (BRFS3), M.Dias Brando (MDIA3) e Vittia (VITT3). O sentimento do mercado é que a BRF pode sofrer com a queda das exportações de aves e suínos para a Rússia e também ter seus custos de produção elevados por conta da valorização do milho. No caso da M.Dias Branco, a alta das cotações do trigo certamente influenciará os custos da empresa, dependente da importação do cereal para fabricação dos seus produtos. No caso da Vittia, os analistas ainda não conseguem mensurar os efeitos que a guerra entre Rússia e Ucrânia terá sobre as operações da empresa de fertilizantes.
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No mercado de commodities, o trigo continua sendo o principal destaque. O preço do cereal subiu mais 7,6% nesta quarta-feira e voltou a atingir o limite de alta na bolsa de Chicago. Alguns analistas comentaram que o mercado agiu como se houvesse apenas o trigo para ser negociado, o que acabou afastando compradores de soja e de milho. Estimativas do mercado é que os fundos de investimento compraram no pregão de hoje cerca de 13 mil contratos de trigo, 4,6 mil de milho e 4,1 mil de soja. No caso do milho, as cotações perderam a força registrada no início do dia e fecharam com leve alta de 0,17%.
O mercado da soja entrou em um movimento de realização de lucros. Os preços do grão que vinham acompanhando a alta do milho e do trigo em Chicago não encontraram mais suporte e tiveram um dia de queda. O vencimento maio recuou 1,41% nesta quarta-feira. Nem mesmo o anúncio de uma venda de 530 mil toneladas de soja americana feita pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), sinalizando uma demanda aquecida pelo mercado, foi suficiente para dar suporte às cotações.
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