Bloomberg — Um aumento de mais de 11% no petróleo causou apreensão nos negócios com ativos de risco nesta terça-feira, revertendo uma recuperação inicial nas ações americanas e levando alguns mercados europeus a cair 4%. O rali nas transações com títulos soberanos levou ao maior recuo nos rendimentos dos Treasuries desde julho do ano passado em meio à preocupação com o impacto da guerra nas economias globais.
As ações caíram após o petróleo bruto (WTI) saltar para mais de US$ 105 o barril, ampliando os temores sobre uma inflação mais alta que poderia complicar o trabalho do Federal Reserve em um momento em que a invasão da Ucrânia pela Rússia é vista como uma ameaça potencial à recuperação econômica.
Os títulos do Tesouro dos EUA subiram ao longo de toda a curva de vencimentos, liderados pelos papéis de mais curto prazo, com swaps vinculados à reunião do Fed em 16 de março sinalizando cerca de 25 pontos-base de aperto. O petróleo disparou mesmo quando os EUA e outras grandes economias concordaram com uma liberação coordenada de estoques.
O presidente do Fed, Jerome Powell, tentará tranquilizar os legisladores nesta semana, dizendo que o banco central agirá para conter a inflação mais alta em quatro décadas, mantendo-se flexível diante das incertezas geopolíticas. Powell - em um testemunho semestral de política monetária na Câmara e no Senado a partir de quarta-feira - provavelmente sinalizará que o Fed seguirá em frente com os planos de aumentar as taxas em março.
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À medida que as penalidades contra a Rússia continuam, a União Europeia identificou sete bancos russos que está considerando excluir do sistema de mensagens SWIFT. O país proibiu os residentes de transferir moeda forte para o exterior, enquanto o presidente Vladimir Putin tentava combater as novas sanções que afetam a economia. A União Europeia e a Suíça aprovaram medidas contra alguns dos magnatas mais ricos da Rússia, e a Grã-Bretanha disse aos portos que não atendessem navios de bandeira russa.
“Os mercados devem ficar tensos por um longo período de alta volatilidade”, disse Win Thin, chefe global de estratégia de câmbio da Brown Brothers Harriman. Dada a maior incerteza em torno da Ucrânia, um aumento de meio ponto no Federal Reserve “seria simplesmente muito agressivo no momento”.
O presidente Joe Biden fará seu discurso sobre o Estado da União às 21h em Washington, 23h do horário de Brasília. Desde 2003, quando George W. Bush apresentou seu caso para a guerra contra o Iraque, ou 2010, quando Barack Obama estava enfrentando a crise financeira, um líder dos EUA não fez seu discurso anual ao Congresso em um momento tão tenso.
As ações dos EUA estão tendo outro começo difícil de ano, com as perspectivas de taxas de juros mais altas e a invasão da Ucrânia pela Rússia se combinando para colocar o mantra de “ações só sobem” à prova. O S&P 500 registrou quedas mensais consecutivas pela primeira vez em quase um ano e meio, elevando suas perdas este ano para 8,2%, seu pior início desde que a pandemia agitou os mercados no início de 2020. Um raio de esperança para os investidores: Cada uma das últimas quatro vezes que o S&P 500 fechou em baixa até fevereiro, terminou o ano em alta de pelo menos 9,5%.
Alguns dos movimentos dos mercados:
Ações
- O S&P 500 (SPX) recuava 1,9% às 14h05 de Nova York (16h05 em Brasília);
- O Nasdaq 100 (NDX) tinha baixa de 1,6%;
- O Dow Jones Industrial Average (INDU) caía 2,1%;
- O índice MSCI World caía 1,5%;
Moedas
- O Bloomberg Dollar Spot Index (DXY) subia 0,4%;
- O euro (EUR) caía 0,8% para US$ 1,1124;
- O iene japonês (JPY) subia 0,2% para 114,79 por dólar;
- A libra esterlina recuava 0,7% US$ 1,3326;
Renda fixa
- O rendimento dos títulos do Tesouro de 10 anos caía 11 pontos base para 1,71%;
- O rendimento de 10 anos da Alemanha recuava 21 pontos base para -0,07%;
Commodities
- O petróleo bruto West Texas Intermediate (WTI) subia 8,8% para US$ 104,13 o barril;
- O ouro era negociado a US$ 1.935,70 a onça, com alta de 1,8%.
(atualizado às 16h07 com cotações mais recentes)
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