Commodities: Incerteza sobre produção da Ucrânia mexe com preços

Com comércio no Mar Negro paralisado, analistas suspeitam do tamanho da safra ucraniana e se país conseguirá colher o que era esperado

Analistas e consultorias estimam que próxima safra ucraniana de grãos será menor do que o esperado
01 de Março, 2022 | 06:30 PM

Bloomberg Línea — Os preços do trigo voltaram a disparar hoje na bolsa de Chicago. Foi o segundo dia consecutivo que as cotações alcançaram o limite de alta e paralisaram temporariamente as negociações na bolsa americana.

O contrato do cereal para março fechou a terça-feira a US$ 10,04 por bushel, com valorização de 8,24%. O milho seguiu a mesma tendência e subiu 6,06% a US$ 7,39 por bushel, enquanto a soja teve ganhos de 3,07% e terminou o dia valendo US$ 16,94 por bushel.

Com o comércio de grãos paralisado na região do Mar Negro, muitos importadores estão buscando outras fontes para se abastecer. Tanto importadores quanto exportadores já não conseguem mais acesso a linhas de crédito para financiar o comércio, mas precisam cumprir contratos com seus clientes.

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Os portos ucranianos foram fechados pela guerra, os navios foram atingidos por bombardeios e novos acordos de grãos da Rússia também estão em pausa. Alguns bancos estão limitando o financiamento ao comércio de commodities vinculado aos dois países, com os governos também aumentando as sanções contra a Rússia.

Além disso, o sentimento do mercado é que a produção de milho e trigo da Ucrânia não será aquilo que se esperava. Os dados do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) indicam uma safra ucraniana de milho de 42 milhões de toneladas e de 33 milhões de toneladas de trigo. A expectativa é que a guerra reduza o plantio de milho de primavera. Segundo a Bloomberg, a consultoria ucraniana UkrAgroConsult informou que o conflito paralisou a cadeia agrícola do país e que o plantio na próxima primavera “será muito difícil”.

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Alexandre Inacio

Jornalista brasileiro, com mais de 20 anos de carreira, editor da Bloomberg Línea. Com passagens pela Gazeta Mercantil, Broadcast (Agência Estado) e Valor Econômico, também atuou como chefe de comunicação de multinacionais, órgãos públicos e como consultor de inteligência de mercado de commodities.