Guerra, política monetária e... carnaval?

Também no Breakfast: Mercados iniciam a semana sob tensão por guerra e juros; 5 insights da carta de Warren Buffett contextualizados para o Brasil e Volatilidade afeta receita, mas crescimento de startups compensa

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Bom dia! Este é o Breakfast - o seu primeiro gole de notícias. Uma seleção da Bloomberg Línea com os temas de destaque no mundo dos negócios e das finanças.

A semana começa tensa com a escalada das operações militares da Rússia em solo ucraniano, a resposta do Ocidente à invasão e a expectativa de conversas entre lideranças da Rússia e da Ucrânia. Moscou intensificou ataques e tomou a segunda maior cidade da Ucrânia. E o presidente ucraniano Volodymyr Zelenskiy concordou em negociar com um representante russo na fronteira do país com Belarus, uma ditadura do Leste Europeu, aliada de Vladimir Putin.

O Ocidente está lançando uma enxurrada de medidas para estrangular a economia russa e penalizar as ações de Putin, a fim de pressionar por um acordo. Os países europeus e dos Estados Unidos desconectaram bancos russos do sistema Swift, que registra fluxo de capitais internacionais, e fecharam o espaço aéreo europeu para aeronaves russas.

⚠️ Após as novas sanções, Putin reagiu acionando o alerta máximo para forças nucleares.

🏧 Corrida aos caixas eletrônicos

Há relatos de corrida aos caixas eletrônicos de Moscou em busca de dólares e hotéis pedindo para hóspedes fecharem as contas com dinheiro vivo, sem usar o cartão de crédito, por causa da incerteza com o sistema Swift. Sem distinguir ainda o que é fato e o que é blefe, os mercados reagem derrubando o valor do rublo. Há risco de contágio de outras moedas emergentes, como o rand sul-africano.

⬆️ Rússia aplica o maior juro desde 2003

A União Europeia também suspendeu as transações com banco central da Rússia, que hoje elevou sua principal taxa de juros de 9,5% para 20%, o nível mais elevado em duas décadas, numa tentativa de proteger sua moeda, o rublo, que tem caído em queda livre. A autoridade monetária russa também impôs alguns controles nos fluxos de capitais, como proibir os operadores de venderem títulos detidos por estrangeiros.

👀 Outros movimentos internacionais

• Importante prestar atenção nos movimentos da China. Embora Pequim tente se distanciar de Moscou nos últimos dias, a China absteve-se de votar no Conselho de Segurança da ONU uma resolução que condenava a Rússia pela invasão. O texto foi vetado pela Rússia.

• A União Europeia aprovou 450 milhões de euros em suprimento militar para a Ucrânia.

• OPEP+ pode deixar de lado o seu plano de ampliar apenas gradualmente a produção de petróleo, quando o cartel se encontra esta semana. Desde a eclosão da guerra, preço do barril passou a rondar a casa dos US$ 100.

🇧🇷 Carnaval em cima do muro

Por aqui, com o mercado segue fechado até quarta, a apreensão dos investidores cresce enquanto a volatilidade explode fora. O presidente Jair Bolsonaro disse que a posição do Brasil no Conselho de Segurança da ONU, onde ocupa uma cadeira temporária, será de neutralidade. Bolsonaro, que disse ter falado com Putin “por duas horas” por telefone, mas não informou o teor da conversa. Ele relativizou a invasão russa e disse que não existe massacre de civis na Ucrânia.

Na trilha dos Mercados

A escalada do conflito na Ucrânia e as sanções mais severas impostas pelo Ocidente puxam os mercados internacionais para baixo. O desenrolar da guerra e suas implicações econômicas põem em risco o fluxo de matérias-primas chave, como grãos, energia e metais, exacerbando as pressões inflacionárias que já estão em níveis históricos.

Se de um lado há o aceno de uma conversa entre as lideranças russas e ucranianas, por outro existe a possibilidade de reações intempestivas de Vladimir Putin às sanções dos Estados Unidos e da Europa.

🏦 A estratégia do Fed

A pergunta do milhão é como tudo isso pode afetar a estratégia de política monetária do Federal Reserve (Fed). Muitos operadores aguardavam para março o início do aumento de juros, com expectativa, logo de início, de uma subida de 0,5 ponto percentual. Agora, com a escalada das tensões, os mercados vêem menos chances de uma política mais agressiva por parte do Fed, com a maioria dos analistas prevendo menos de seis incrementos ao longo de 2022.

🗓️ Agenda lança mais fumaça

Conflito bélico à parte, o calendário do mercado está cheio de temas para análise. Do lado político, o presidente dos EUA Joe Biden discursa amanhã sobre o Estado da União. Durante o dia, também se dedicará a conversas sobre Rússia-Ucrânia com seus aliados.

  • ❗ Na quarta e na quinta, o presidente do Fed Jerome Powell testemunha perante os Comitês da Câmara e do Senado. As atenções estarão 100% voltadas a Powell porque todos querem saber como a guerra influenciará a magnitude de subida dos juros norte-americanos. Este será o último pronunciamento antes da próxima reunião de política monetária, dentro de duas semanas. Logo depois, na próxima semana, os representantes do Fed entrarão em período de silêncio, portanto estas opiniões serão algumas das últimas antes da reunião.

🎭 Com tantos elementos para análise e para a tomada de decisões de investimentos, será que os operadores brasileiros conseguirão parar no Carnaval?

🟢 As bolsas na sexta-feira: Dow (+2,51%), S&P 500 (+2,24%), Nasdaq (+1,64%), Stoxx 600 (+3,32%), Ibovespa (+1,39%)

Apesar de toda a tensão no front geopolítico, os mercados de ações fecharam com alta significativa. Diante da crise Ucrânia-Rússia e dos últimos dados econômicos dos EUA, os investidores reduziram suas apostas sobre uma decisão drástica na próxima reunião de política monetária do Federal Reserve (Fed). O otimismo recebeu dos gastos dos consumidores americanos, que em janeiro avançaram mais do que o esperado, apesar da inflação e da variante ômicron. Além disso, os sinais de um possível diálogo entre Moscou e Kiev ajudaram a restabelecer a confiança.

Saiba mais sobre o vaivém dos Mercados

No radar

Esta é a agenda prevista para hoje:

• Feriado no Brasil e na Argentina (Carnaval)

EUA: Estoques preliminares do Atacado, PMI de Chicago/Fev, Índice de Atividade das Empresas/Fev - Fed de Dallas, Balança Comercial de Mercadorias/Jan

Europa: Espanha (Índice de Preços ao Consumidor/Fev; Transações Correntes/Dez), Portugal (IPC/Fev)

• Ásia: Japão (Encomendas de Construção/Jan; Hong Kong (Massa Monetária - Agregado M3/Jan)

Bancos centrais: Pronunciamentos de Christine Lagarde, presidente do BCE, Panetta do BCE, Raphael Bostic (Fed)

Balanços do dia: Zoom, HP, entre outros

• Na América Latina: México (Taxa de Desemprego/Jan; Balanço Fiscal/Jan)

📌 E para amanhã:

PMIs Industriais e de Serviços do países como Japão, Itália, França, Alemanha, Zona do Euro, Reino Unido, EUA, Canadá e China (Caixin/Fev)

Europa: Reino Unido (Aprovações de Hipotecas), Alemanha (Índice de Preços ao Consumidor - Prévia de Fevereiro)

América do Norte: EUA (Índice ISM de Manufatura/Fev; Discurso do presidente Joe Biden); Canadá (PIB 4T21)

Bancos Centrais: Decisão sobre a política monetária do BC da Austrália Pronunciamentos de Michael Saunders e Mann (BoE)

Balanços: Salesforce, Target

Destaques da Bloomberg Línea

Venture capital: Volatilidade afeta receita, mas crescimento de startups compensa

Trabalho remoto: cada vez mais pessoas escolhem não voltar ao escritório

Executivas mulheres oferecem respostas mais diretas que homens

Você apoia democracia, mas anda insatisfeito? Muita gente se sente assim

Também é importante

• 5 insights da carta de Warren Buffett contextualizados para o Brasil: Longamente esperada pelos investidores do mundo inteiro, a carta de Warren Buffett aos acionistas da Berkshire Hathaway tem insights que podem ser úteis aos brasileiros, independentemente de quanto dinheiro tenham para investir. A Bloomberg Línea dissecou a carta e trouxe cinco estratégias de Buffet e Charlie Munger em tempos de alta da Selic no Brasil.

União Europeia propõe sanções contra bilionários russos, confira os nomes. A lista, vista pela Blomberg, ainda precisa ser aprovada pelos governos europeus e pode mudar antes que isso aconteça. Inclui bilionários que ainda não foram atingidos por sanções nos EUA, entre eles o magnata dos metais Alisher Usmanov; os proprietários do Grupo Alfa, Mikhail Fridman e Petr Aven; além de Alexei Mordashov, que controla uma grande empresa siderúrgica.

Opinião Bloomberg

O que são sanções? Palavra diz respeito a conceito antigo para evitar guerra

A palavra “sanção” tem significados gêmeos que compartilham uma raiz comum, mas puxam em direções diferentes. Como verbo, sancionar é aprovar ou permitir. (“O conselho sancionou a cisão.”) Mas como substantivo, uma sanção é uma penalidade imposta por infringir a lei ou outra regra. E quando usada em assuntos internacionais – como no debate sobre a política da Ucrânia – a palavra significa, na linguagem seca do Oxford English Dictionary, “ação econômica ou militar tomada por um estado ou aliança de estados contra outro como medida coercitiva”. Esse uso agora comum da palavra sanção é recente, mas as sanções econômicas como ferramenta são antigas.

Pra não ficar de fora

Com a proibição dos desfiles de blocos e escolas de samba, festas privadas explodem pelo país. Em São Paulo, alguns blocos estão realizando eventos privados com ingressos que podem passar de R$ 1.300.

No Rio, há blocos clandestinos na rua mesmo. E, em Salvador, estrelas do axé estão tocando em clubes fechados para públicos superiores a mil pessoas.

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Edição: Michelly Teixeira | News Editor, Europe

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