Você apoia democracia, mas anda insatisfeito? Muita gente se sente assim

Pesquisa XP/Ipespe mostra que 7 em cada 10 brasileiros apoiam a democracia, mas um grande contingente acha que sua voz não é ouvida

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Bloomberg Línea — Embora o apoio à democracia no Brasil tenha voltado a crescer, os eleitores continuam insatisfeitos com a democracia brasileira.

Segundo pesquisa XP/Ipespe divulgada na sexta-feira (25), 69% dos brasileiros apoiam a democracia como forma de governo, mas 49% deles estão insatisfeitos com o estado do regime no país.

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Ao mesmo tempo, 51% dos entrevistados consideram que “sua voz não é nada ouvida” pelos tomadores de decisões. E 39% disseram que “não participam nada” das decisões sobre assuntos importantes para a vida do país. Outros 44% acham que participaram “um pouco”.

Para o cientista político Antônio Lavareda, professor da Universidade Federal de Pernambuco, os dados mostram que, mesmo insatisfeitos com a operação do regime e a gestão do governo, os brasileiros não desejam uma mudança de sistema.

Segundo ele, diversas pesquisas têm mostrado que os eleitores estão insatisfeitos com o governo, o Congresso, a condução da economia e com o combate à pandemia.

E a pesquisa da XP/Ipespe também mostra que a maioria dos entrevistados é a favor de plebiscitos para temas em que têm opiniões formadas, como aborto, pena de morte e porte de armas.

“Isso demonstra uma demanda e um ímpeto de participação”, diz Lavareda. “O conjunto das respostas nos diz que os brasileiros estão prontos e desejosos de mecanismos de participação direta, não só do voto nos candidatos a cada dois anos”, afirma. “Essa pode ser uma forma de revitalizar a nossa democracia.”

O cientista político Marco Teixeira, professor da FGV-SP, concorda. “Mesmo que as pessoas estejam insatisfeitas, a pesquisa mostra que não necessariamente elas querem um regime autoritário. A insatisfação com o trabalho das instituições não pode ser lida como vontade de acabar com a democracia”, afirma.

Teixeira lembra dos ataques do presidente Jair Bolsonaro às instituições e as ameaças de ruptura dos atos de 7 de setembro do ano passado. Naquela ocasião, em São Paulo, o presidente disse que só deixaria o cargo “preso, morto ou com vitória”.

“Não queremos ruptura, não queremos brigar com Poder algum, mas não podemos admitir que uma pessoa coloque em risco a nossa liberdade”, disse Bolsonaro.

Para Marco Teixeira, os dados da pesquisa mostram que os atos de setembro reavivaram o interesse das pessoas pela democracia e trouxeram o tema de volta ao debate. “Isso é importante diante do risco de ruptura que vimos em setembro, com tanques na rua e discursos de tom autoritário”, comenta.

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