Segurança energética da Europa poupa SWIFT nas sanções à Rússia

O presidente Joe Biden diz que essa opção não foi descartada; Reino Unido, Polônia e Lituânia defendem que essa sanção seja incluída

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Bloomberg — Até agora, a relutância da Europa em comprometer seu abastecimento de energia excluiu uma das sanções mais impactantes contra a Rússia após a invasão da Ucrânia: a expulsão do SWIFT, o principal sistema de comunicação para pagamentos globais.

O presidente dos EUA, Joe Biden, diz que essa opção não foi descartada. Reino Unido, Polônia e Lituânia defendem que essa sanção seja incluída no pacote.

Mas dois fatores principais impedem esse movimento: a recusa por países como Alemanha e Itália, em razão da segurança energética, e temores de que essa sanção fortaleça sistemas rivais (incluindo um da China e outro que a Rússia lançou em 2014 quando foi isolada por causa da anexação da Crimeia).

A Europa usa o SWIFT para enviar pagamentos pelo gás natural russo necessário para aquecer residências e fornecer eletricidade às fábricas do continente. Assim, o veto ao sistema ameaçaria o abastecimento durante o inverno, agravando a crise do custo de vida enfrentada pelos europeus.

Nas 24 horas após o presidente Vladimir Putin assinar decreto reconhecendo dois territórios ucranianos separatistas, o Ocidente gastou aproximadamente US$ 700 milhões em petróleo, derivados refinados, gás natural, alumínio, carvão, níquel, titânio, ouro e outras commodities da Rússia, mostrando a escala das transações entre os dois lados.

“A UE não está de acordo com a retirada da Rússia do SWIFT porque a UE não concorda em abrir mão da energia russa”, disse Erik Meyersson, economista sênior do Svenska Handelsbanken em Estocolmo.

A dependência da Europa em relação ao combustível russo também ficou evidente quando o Departamento do Tesouro dos EUA revelou na quinta-feira que o segmento de energia estaria isento das sanções. Ainda é possível realizar transações envolvendo produtos de energia por meio de bancos europeus. Por isso, são “sanções destinadas a não sancionar”, segundo Adam Tooze, professor da Universidade Columbia.

O SWIFT — sigla em inglês para Sociedade para Telecomunicações Financeiras Interbancárias Mundiais – distribui mensagens e instruções de pagamento com segurança entre instituições financeiras e empresas em mais de 200 países e territórios. O sistema processou em média 42 milhões de mensagens diárias no ano passado, sendo fundamental para os pagamentos que movem o comércio internacional.

Políticos e executivos de bancos argumentam que a exclusão da Rússia pode fortalecer os sistemas rivais.

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