Bancos da China restringem financiamento a commodities russas

O Bank of China restringiu o financiamento para aquisição de commodities russas devido à sua própria avaliação de risco, segundo uma fonte

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Bloomberg — Pelo menos dois dos maiores bancos estatais da China estão restringindo o crédito para compra de commodities da Rússia, ressaltando os limites da promessa do governo chinês de manter os laços econômicos com um de seus mais importantes parceiros após as sanções dos Estados Unidos e aliados.

Unidades offshore do Industrial & Commercial Bank of China interromperam a emissão de letras de crédito denominadas em dólares para compra de commodities físicas da Rússia prontas para exportação, segundo duas pessoas a par do assunto. Letras de crédito em yuan ainda estão disponíveis para alguns clientes, dependendo de aprovações de executivos sêniores, acrescentaram as pessoas, que pediram anonimato por discutirem informações privadas.

A mudança veio após a Rússia invadir a Ucrânia, desencadeando uma onda de sanções de países que incluem os EUA, Reino Unido e Japão. Existe a expectativa de sanções adicionais.

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O Bank of China restringiu o financiamento para aquisição de commodities russas devido à sua própria avaliação de risco, segundo outra pessoa entrevistada. O banco ainda não recebeu orientação explícita dos reguladores chineses sobre a Rússia, disseram duas pessoas.

A resposta dos bancos chineses pode ser temporária, especialmente porque as sanções ocidentais até agora pouparam o setor de energia da Rússia. Não está claro se os bancos chineses reduziram outras formas de financiamento para pessoas físicas e jurídicas da Rússia e suas políticas estão sujeitas a alterações. Letras de crédito ligadas a commodities são emitidas com grande frequência e estariam entre as primeiras transações impactadas pela ameaça de sanções.

As restrições evidenciam a linha tênue para as maiores instituições financeiras da China e para o presidente Xi Jinping. Embora a Rússia seja importante fornecedora de energia para a China e os países muitas vezes se alinhem nas disputas geopolíticas com os EUA, o peso econômico da Rússia é muito pequeno em comparação com as nações ocidentais que compram muitas das exportações chinesas e controlam o acesso dos chineses ao sistema financeiro internacional denominado em dólares.

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Os quatro maiores bancos da China cumpriram as sanções anteriores dos EUA contra o Irã, a Coreia do Norte e até mesmo representantes governamentais em Hong Kong porque precisam de acesso ao sistema de liquidação de transações em dólares, segundo uma pessoa familiarizada com o assunto. Em um telefonema com Vladimir Putin nesta sexta-feira, Xi pediu que o líder russo negocie com a Ucrânia para acalmar as tensões.

“As instituições financeiras chinesas levam a sério o enquadramento nas sanções”, disse Ben Kostrzewa, consultor jurídico da Hogan Lovells em Hong Kong, que já atuou em disputas entre os EUA e a China quando trabalhava no gabinete do Representante Comercial do governo americano. “Eles não querem ser sancionados, eles não podem perder acesso às transações em dólares, então precisam pensar seriamente sobre isso — seja qual for o impacto geopolítico.”

ICBC, Bank of China e a Comissão Reguladora de Bancos e Seguros da China não responderam imediatamente aos pedidos de comentário da reportagem.

Bancos internacionais, incluindo ING Groep e Rabobank, também estão restringindo o financiamento ao comércio de commodities ligadas à Rússia, o que pode abalar a demanda pelas exportações de recursos naturais do país. Estatais chinesas que importam carvão não estão conseguindo obter linhas de crédito de bancos em Singapura para pagar por cargas da Rússia, segundo pessoas com conhecimento do assunto.

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