Brasil corre para garantir fertilizantes com crise na Ucrânia

Agricultores querem garantir nutrientes para as lavouras com receio de uma escassez global do insumo após ataque russo à Ucrânia

Alguns produtores de grãos do estado de Mato Grosso, o maior produtor de soja do país, nem conseguiram obter cotações de preços e estimativas de entrega de suas concessionárias de fertilizantes nos últimos três dias
Por Tatiana Freitas - Tarso Veloso
25 de Fevereiro, 2022 | 05:20 PM

Bloomberg — Agricultores do Brasil, o maior importador de fertilizantes do mundo, estão correndo para garantir nutrientes para as plantações, já que o ataque russo à Ucrânia espalha o temor de uma escassez global.

“Os agricultores estão receosos, correndo para comprar potássio”, disse José Marcos Magalhães, presidente da cooperativa Minasul, a segunda maior exportadora de café do Brasil.

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A corrida para garantir nutrientes para as culturas no Brasil ilustra as ondas de choque que a invasão da Ucrânia está gerando entre os mercados agrícola, metalúrgico e de energia. A Rússia é um importante fornecedor de potássio e outros aditivos agrícolas, bem como um grande exportador de alumínio, grãos, petróleo bruto e gás natural. O Brasil, potência agrícola que lidera a produção de soja, café e açúcar, importa cerca de 80% de suas necessidades de fertilizantes.

A Minasul, que tem lojas de produtos agrícolas no estado de Minas Gerais, viu suas vendas diárias de insumos agrícolas saltarem para cerca de R$ 20 milhões (US$ 4 milhões) na quinta-feira (24), dos habituais R$ 2 milhões a R$ 3 milhões.

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“Fizemos metade das vendas de fevereiro nos últimos dois dias”, disse Magalhães, acrescentando que até agora conseguiu atender ao aumento da demanda graças aos seus estoques.

No extremo oeste do Brasil, os agricultores não tiveram tanta sorte. Alguns produtores de grãos do estado de Mato Grosso, o maior produtor de soja do país, nem conseguiram obter cotações de preços e estimativas de entrega de suas concessionárias de fertilizantes nos últimos três dias. Os importadores também não receberam listas de preços de seus fornecedores no exterior, segundo Jeferson Souza, analista de fertilizantes da Agrinvest Commodities.

Os produtores de soja brasileiros estão comprando fertilizantes para o plantio a partir de setembro e provavelmente pagarão preços mais altos do que os produtores norte-americanos que já compraram seus nutrientes, segundo Souza.

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“Os brasileiros vão pagar mais, principalmente pelo fósforo e potássio”, disse.

O grupo que representa as empresas de fertilizantes no Brasil, conhecido como Anda, diz que está monitorando os riscos de interrupções na cadeia global de fornecimento de fertilizantes, inclusive no Brasil.

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– Esta notícia foi traduzida por Marcelle Castro, Localization Specialist da Bloomberg Línea.

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