Bolsas asiáticas e futuros de NY desabam após Putin anunciar ofensiva militar

Busca por ativos defensivos impulsiona títulos soberanos, petróleo, dólar e ouro

Mercados mantêm sell-off com tensão crescente na Ucrânia
Por Andreea Papuc
24 de Fevereiro, 2022 | 12:44 AM

Bloomberg — Os futuros de ações dos EUA e ações asiáticas aprofundaram a queda nesta quinta-feira após a informação de que o presidente Vladimir Putin decidiu realizar uma operação militar no leste da Ucrânia.

Os contratos futuros do S&P 500 (ESH2) e do Nasdaq 100 (NQH2) afundaram mais de 1%, enquanto as ações asiáticas desceram ao menor patamar neste mês. Treasuries, dólar, ouro e petróleo bruto acentuaram a alta.

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O Kremlin afirmou que líderes separatistas de duas repúblicas autodeclaradas buscaram ajuda para repelir as forças ucranianas. Putin disse que ainda não pretende enviar o que chamou de forças de “manutenção da paz” para o leste da Ucrânia, mas que poderia fazer isso “conforme necessário”. A Rússia negou as advertências dos EUA de que planeja invadir a Ucrânia.

As potências ocidentais ampliaram as sanções para impedir a agressão russa depois que o país reuniu tropas em torno de seu vizinho. O último passo dos EUA foi incluir nas sanções as construtoras do gasoduto Nord Stream 2, que liga a Rússia e a Alemanha.

O avanço nos Treasuries reduziu as perdas da sessão de Wall Street. A demanda por ativos defensivos foi ampliada pelas preocupações de que os fluxos de commodities serão interrompidos pela crise na Ucrânia, alimentando a já elevada inflação e forçando os bancos centrais a intensificar o aperto monetário.

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O petróleo subiu à medida que os operadores pesaram os possíveis riscos para as exportações russas de energia com as sanções e a liberação de algumas reservas estratégicas para conter os preços.

O custo de commodities, como petróleo, grãos e metais, saltou por causa do impasse na Europa Oriental. Isso ajudou a empurrar um indicador de commodities agrícolas para um patamar recorde, anunciando novos desafios para a recuperação global.

“Espere que a volatilidade realmente persista nos próximos meses”, disse Lale Akoner, estrategista sênior de mercado do BNY Mellon Investment Management, à Bloomberg Television. Ela acrescentou que os riscos geopolíticos estão surgindo em um “momento muito inoportuno”, já que os mercados estão lutando com a retirada dos estímulos financeiros.

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Putin disse que continua aberto a “soluções diplomáticas”, mas insiste que os interesses e a segurança da Rússia devem ser garantidos. O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskiy, disse em um discurso à nação que a Ucrânia não representa ameaça à Rússia, mas se defenderá se for atacada.

Política monetária

A presidente do Federal Reserve de San Francisco, Mary Daly, disse que está observando os desenvolvimentos geopolíticos, mas ainda não viu nada que a dissuadisse de apoiar um aumento da taxa de juros no próximo mês.

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As apostas sobre o número de aumentos de juros pelo Fed em 2022 se estabeleceram em cerca de seis aumentos de 25 pontos-base. Os investidores continuam preocupados que o aperto do Fed possa sufocar a expansão da maior economia do mundo.

“Os erros de política neste momento são quase garantidos”, disse Shana Sissel, presidente da Banríon Capital Management, à Bloomberg Television. “A questão não é se haverá um erro de política, mas quão ruim será? O Fed vai subir muito rápido demais, eles vão antecipar tudo?”

Na Ásia, o Banco da Coreia manteve as taxas ao avaliar o impacto de três altas desde agosto. O Alibaba Group Holding Ltd. deve relatar uma queda substancial no lucro que pode provocar oscilações no preço de suas ações.

Aqui estão alguns eventos para assistir esta semana:

  • Relatório de estoques de petróleo bruto da EIA, quinta-feira;
  • Autoridades do Fed Loretta Mester e Raphael Bostic falam quinta-feira;
  • EUA: Vendas de casas novas, PIB, pedidos iniciais de seguro-desemprego, quinta-feira;
  • EUA: Renda do consumidor, bens duráveis, deflator do PCE, sentimento do consumidor da Universidade de Michigan, sexta-feira;

Alguns dos principais movimentos nos mercados:

Ações

  • Os futuros de S&P 500 (ESH2) tinham baixa de 1,8% às 12h40 em Tóquio (0h40 em Brasília). Na quarta, o S&P 500 recuou 1,7%;
  • Os futuros do Nasdaq 100 (NQH2) tinham baixa de 2,3%. O Nasdaq 100 caiu 2,6%;
  • O índice Topix (TOPIX), de Tóquio, caía 0,8%;
  • O S&P/ASX 200 da Austrália (AS51) caía 3,7%;
  • O índice Kospi (KOSPI), de Seul, tinha baixa de 2,7%;

Moedas

  • O iene japonês (JPY) era negociado a 114,89 por dólar;
  • O yuan offshore (CNH) estava em 6,3181 por dólar;
  • O Bloomberg Dollar Spot Index (DXY) subiu 0,1%;
  • O euro (EUR) estava em US$ 1,1281;

Renda fixa

  • O rendimento dos títulos do Tesouro de 10 anos recuava sete pontos base para 1,92%;
  • O rendimento de 10 anos da Austrália tinha baixa de seis pontos base para 2,19%;

Commodities

  • O petróleo bruto West Texas Intermediate (WTI) subia 3% para US$ 94,94 o barril;
  • O ouro era negociado a US$ 1.922,79 a onça.

(atualizado às 0h43 com cotações mais recentes)

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