Guerra na Ucrânia suspende voos e gera temores para funcionários de aéreas

A invasão da Ucrânia impossibilitou as viagens aéreas em grande parte da Europa Oriental, já que as companhias aéreas evitam o espaço aéreo do país sitiado

A Wizz, com sede na Hungria, liderou os declínios com uma queda de 13%
Por Christopher Jasper - Siddharth Philip
24 de Fevereiro, 2022 | 06:09 PM

Bloomberg — A invasão da Ucrânia impossibilitou as viagens aéreas em grande parte da Europa Oriental, já que as companhias aéreas evitam o espaço aéreo do país sitiado e de nações vizinhas em meio a temores pela segurança dos voos.

A Wizz Air (WIZZ), uma das poucas companhias aéreas estrangeiras com bases na Ucrânia, estava trabalhando para retirar quatro aviões e um número não especificado de funcionários presos em Kiev e Lviv depois que a Rússia lançou ataques contra alvos em todo o país.

Proibições de voos foram impostas acima dos céus ucranianos e áreas em suas fronteiras norte, sul e leste pela Agência de Segurança da Aviação da União Europeia, enquanto a Moldávia e a Bielorrússia declararam fechamento total ou parcial do espaço aéreo. As companhias aéreas também estavam dando a grandes áreas da Rússia um amplo espaço de distância quase tão ao norte quanto Moscou, depois que a EASA alertou que mísseis de médio alcance poderiam representar uma ameaça na região.

“Embora ainda seja cedo para avaliar o impacto que a guerra terá no sentimento e nas reservas dos clientes, isso representará um enorme obstáculo para a grande recuperação que a indústria esperava neste verão”, disse Rob Morris, chefe global da consultoria de companhias aéreas Ascend, por telefone.

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Ações caem

As ações das companhias aéreas europeias caíram. Os papéis da Wizz, com sede na Hungria, lideraram os declínios com uma queda de 12,5% em Londres, onde tem sua listagem principal.

A maior companhia aérea de baixo orçamento da Europa Oriental tem trabalhadores na Ucrânia porque seu modelo de negócios exige a alocação de aviões em dezenas de bases em toda a Europa. A maioria das outras transportadoras que servem o país voa para lá a partir de seus hubs de origem, com aeronaves retornando todas as noites.

“Vamos evacuar, na primeira oportunidade, toda a nossa tripulação baseada na Ucrânia, suas famílias imediatas e quaisquer famílias de cidadãos ucranianos da Wizz Air que desejem deixar o país”, disse a porta-voz, Chrstie Rawlings, à Bloomberg News, recusando-se a comentar sobre o número de pessoas envolvidas.

Embora as proibições de voos signifiquem que os serviços de passageiros não podem mais operar, pode ser possível que aeronaves decolem para evacuar funcionários, disse ela, acrescentando que a empresa está trabalhando para entender o processo.

A Moldávia, perto do porto de Odesa, no Mar Negro, onde a Rússia estacionou navios militares, fechou separadamente seu espaço aéreo em meio a preocupações de segurança, disse o vice-primeiro-ministro Andrei Spinu.

A Bielorrússia, ao norte da Ucrânia e repleta de forças russas, também fechou parte de seu espaço aéreo para voos civis, segundo a Interfax, embora as companhias aéreas evitem a área desde o pouso forçado de um jato da Ryanair (RYAAY), em maio passado. Quatro mísseis balísticos foram lançados da Bielorrússia em direção ao sudoeste, disse o chefe militar da Ucrânia.

A Ryanair, que tem aviões em mais de 80 locais na Europa, disse que não tem bases ou funcionários na Ucrânia.

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Voos desviados

O site de rastreamento de companhias aéreas FlightRadar24 mostrou um serviço da LOT Polish Airlines (LOT) com destino a Kiev voltando para Varsóvia no início do dia, enquanto um serviço da Wizz de Milão para a capital da Moldávia, Chisinau, desviou para Iasi, na Romênia. Um voo da Air Moldova de Tel Aviv também foi redirecionado para lá.

A Aegean Airlines disse que ordenou que um avião com destino a Moscou, saindo de Atenas, retornasse à Grécia pouco antes de entrar no espaço aéreo russo, após o aviso da EASA. Os voos do mar Egeu evitam o espaço aéreo da Ucrânia desde 14 de fevereiro.

A Wizz serviu anteriormente 110 rotas em seis aeroportos ucranianos, incluindo 50 de Kiev e 32 de Lviv. A transportadora disse que explorará opções para redistribuir a capacidade ociosa assim que a situação imediata for resolvida.

Entre as principais companhias aéreas europeias, a Lufthansa (LHA), controladora da British Airways, e a Air France-KLM caíram 6,5% ou mais. As ações da aérea low cost EasyJet caíram 7,6% e as da Ryanair, 2,2%.

As ações da Wizz caíram 25% no ano, depois de também estarem sob pressão nas semanas que antecederam o conflito. Continua sendo o único declínio no índice Bloomberg EMEA Airlines de seis membros, com outras transportadoras ainda em território positivo ou estável.

– Com a colaboração de Andra Timu e Paul Tugwell.

– Esta notícia foi traduzida por Marcelle Castro, Localization Specialist da Bloomberg Línea.

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