Conflito na Ucrânia pode deslocar até 1 milhão de pessoas

Países da União Europeia localizados no leste europeu se preparam para receber fluxo de refugiados

Países da fronteira começaram a relatar fluxo de refugiados vindos da Ucrânia
Por Patrick Donahue - Dorota Bartyzel
24 de Fevereiro, 2022 | 04:45 PM

Bloomberg — A Europa está se preparando para o que pode ser um êxodo de mais de um milhão de refugiados depois que a Rússia atacou a Ucrânia, enquanto autoridades dizem que qualquer tensão inicial será manejada pelos estados membros do leste europeu.

A ordem de uma invasão em grande escala vinda do presidente Vladimir Putin, que desencadeou uma das piores crises de segurança na Europa desde a Segunda Guerra Mundial, intensificou os preparativos dos países da parte leste da União Europeia para um fluxo de refugiados. A Polônia, que já abriga bem mais de um milhão de ucranianos, seria o primeiro ponto de fuga para muitos que desejam fugir da violência.

Filas de carros já congestionavam as rodovias que saem da capital Kiev quando o governo ucraniano confirmou que as forças russas entraram na região ao redor da cidade de 2,9 milhões de habitantes. As autoridades polonesas disseram que estão começando a ver um aumento no tráfego de passageiros na fronteira.

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O primeiro-ministro Mateusz Morawiecki alertou este mês que uma guerra poderia desencadear um “êxodo da Ucrânia”. Seu governo já montou uma equipe de coordenação e aprovou um assessor para prestar assistência no caso de um fluxo muito intenso de refugiados.

A Polônia seria afetada principalmente não apenas por sua proximidade, mas pela significativa comunidade ucraniana que vive no país e que poderia receber outras pessoas pelo menos no estágio inicial”, disse Magdalena Majkowska-Tomkin, diretora de questões migratórias da organização filantrópica Open Society Foundations, em entrevista antes da invasão.

Mas a perspectiva de um grande influxo de migrantes forçou os governos do Leste Europeu, alguns dos quais até se recusaram a receber imigrantes nos últimos anos, a enfrentar a possibilidade de centenas de milhares refugiados. As autoridades dos quatro estados membros da UE que fazem fronteira com a Ucrânia – Polônia, Hungria, Eslováquia e Romênia – dizem que estão preparadas para recebê-los.

O primeiro-ministro Viktor Orban, defensor das políticas anti-imigração que trava uma dura batalha pela reeleição em menos de seis semanas, também disse que seu país aceitaria refugiados. Nas últimas semanas, ele alertou sobre o influxo.

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“Após o ataque militar de hoje (24), infelizmente podemos esperar um aumento no número de cidadãos ucranianos que chegam à Hungria e que provavelmente solicitarão asilo”, disse Orban em um vídeo no Facebook na quinta-feira, após se reunir com seu gabinete de segurança nacional. “Estamos preparados para cuidar deles e conseguiremos enfrentar o desafio com rapidez e eficiência”.

Filas de carros já haviam se formado na fronteira da Hungria na quinta-feira, segundo o serviço de notícias estatal MTI, citando testemunhas. A Hungria, que se recusou a admitir principalmente migrantes do Oriente Médio na crise de refugiados na Europa de 2015-2016, pode receber um fluxo que supera as chegadas de refugiados das guerras dos Bálcãs na década de 1990, alertou Orban antes da invasão.

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O governo de Budapeste, que entrou em conflito com Kiev sobre os direitos dos húngaros que vivem na Ucrânia, esta semana deslocou algumas tropas para a fronteira com a Ucrânia para reforçar a defesa da fronteira e se preparar para oferecer ajuda humanitária.

A UE esperava cerca de um milhão de refugiados, embora qualquer cenário esteja ligado ao escopo de um conflito, segundo autoridades em Bruxelas. O planejamento consistiu em fazer um balanço da capacidade dos membros da parte leste do bloco para gerenciar o influxo, contando efetivamente com o planejamento de contingência dos estados fronteiriços.

Observadores poloneses especularam muito mais de um milhão. Tomasz Hanczarek – chefe da Personnel Service, empresa que recruta trabalhadores do exterior – estima o número total em até 3 milhões.

A Alemanha, que absorveu a grande maioria dos imigrantes que entraram na Europa pela Turquia e pela região dos Bálcãs há seis anos, disse que primeiro oferecerá assistência aos estados fronteiriços que recebem o fluxo inicial.

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“Esperamos movimentos iniciais de refugiados na Ucrânia e estaremos observando de perto a força dos movimentos nos países vizinhos, possivelmente chegando à Alemanha também”, disse a ministra do Interior, Nancy Faeser, no Twitter.

As autoridades romenas afirmaram que ucranianos começaram a chegar no país – a maioria a pé – pela fronteira do norte. O ministro da Defesa romeno, Vasile Dincu, disse que o país comporta cerca de meio milhão de refugiados. Na vizinha Moldávia, estado não pertencente à UE espremido entre a Romênia e a Ucrânia, as filas se formaram, e o presidente do país, Maia Sandu, pediu aos legisladores que decretassem estado de emergência.

A Romênia pediu a seus condados mais ao norte, que fazem fronteira com a Ucrânia que forneçam aquecimento e eletricidade para os centros de refugiados existentes – embora a mídia local tenha questionado se o país tem capacidade. A Eslováquia, que já havia elaborado planos de expansão para abrigos para refugiados, enviou 1,5 mil soldados para a fronteira.

--Com a colaboração de Alberto Nardelli, Natalia Drozdiak, Zoltan Simon, Daniel Hornak, Slav Okov, Zoe Schneeweiss e Andra Timu.

--Este texto foi traduzido por Bianca Carlos, localization specialist da Bloomberg Línea.

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