Bolsonaro evita condenar invasão da Ucrânia pela Rússia em live

Presidente disse que vai se reunir com ministro da Defesa e chefe do Itamaraty para “dimensionar o que está acontecendo”

Presidente evitou condenar invasão da Ucrânia pela Rússia
24 de Fevereiro, 2022 | 08:15 PM

Bloomberg Línea — O presidente Jair Bolsonaro (PL) evitou condenar a invasão da Ucrânia pela Rússia durante sua live semanal nesta quinta-feira (24). Ele informou que, “nas próximas horas”, vai se reunir com o ministro das Relações Exteriores, Carlos França, e com o ministro da Defesa, Braga Netto, para “dimensionar o que está acontecendo e [para que] o Brasil tenha sua posição”.

Durante a transmissão, Bolsonaro disse que fez uma “viagem de paz à Rússia e teve uma conversa excepcional com o presidente Putin”. E disse que “a guerra não interessa a ninguém, só a paz nos interessa”.

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O presidente esteve hoje em São Paulo para inaugurar obras e fez discursos para apoiadores. Em nenhuma das ocasiões, comentou os conflitos entre Rússia e Ucrânia.

O ministro Carlos França, que participou da live de hoje, informou que está negociando com os governos da Ucrânia, da Romênia e da Polônia para traçar estratégias de resgate dos brasileiros que estão em território ucraniano.

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Segundo ele, há cerca de 500 cidadãos brasileiros na Ucrânia, entre moradores e visitantes. “Só vamos tirar as pessoas daquela região quando tivermos condições de segurança, quando o trajeto até os países vizinhos ou até o Brasil possa ser feito de maneira segura e ordenada”, informou.

França também disse que trabalha para retirar estudantes brasileiros que moram em Dursk, cidade russa que fica a cerca de 150 km da fronteira com a Ucrânia. A ideia é levá-los até Moscou, onde fica a embaixada brasileira.

Os governos da Argentina e do Equador, segundo o ministro, pediram ajuda ao Brasil para retirar seus cidadãos da Ucrânia. Há cerca de 50 argentinos e 780 equatorianos no país, de acordo com o ministro.

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Aborto no STF

Bolsonaro também usou a live para voltar ao tema do aborto e deixar claro que o ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal, é um de seus aliados na corte. Desde que a corte constitucional da Colômbia descriminalizou a prática, bolsonaristas têm usado do tema para polarizar com o PT, principal adversário do presidente nas eleições deste ano.

Na transmissão, Bolsonaro lembrou que há um processo sobre o tema em trâmite no Supremo Tribunal Federal. Já houve audiência pública, mas não há qualquer sinal de que o caso vá ser julgado pelo tribunal.

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Mas ele garantiu que André Mendonça pode atrapalhar uma decisão do STF por meio de um pedido de vista - retirada do processo de julgamento para análise no gabinete, sem prazo de retorno. “Para vocês verem a importância da indicação de um ministro do Supremo que tenha uma certa identidade contigo”, disse Bolsonaro.

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Pedro Canário

Repórter de Política da Bloomberg Línea no Brasil. Jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero em 2009, tem ampla experiência com temas ligados a Direito e Justiça. Foi repórter, editor, correspondente em Brasília e chefe de redação do site Consultor Jurídico (ConJur) e repórter de Supremo Tribunal Federal do site O Antagonista.