Ações do setor de viagem lideram perdas no Brasil; Azul desaba 10%

Em dia de petróleo acima de US$ 100 e ataque russo à Ucrânia, papéis de aéreas estão entre as maiores baixas do Ibovespa

Avião da Azul
24 de Fevereiro, 2022 | 11:26 AM

São Paulo — As ações das companhias ligadas ao setor de viagens desabam, na manhã desta quinta-feira (24), no mercado acionário brasileiro, golpeadas pela disparada do preço do petróleo, cujo querosene da aviação é o principal insumo das companhias aéreas, devido ao aumento do risco geopolítico, incluindo o fechamento do espaço aéreo, após o ataque bélico da Rússia contra a Ucrânia. O Ibovespa, principal índice da B3, recuava quase 2% em meia hora de pregão.

Entre as cinco maiores desvalorizações do Ibovespa, três eram do setor de viagem. Os papéis da companhias aéreas Azul (AZUL4) e da Gol (GOLL4) são os mais castigados, bem como a ação da operadora de pacotes turísticos CVC (CVCB3), que recua mais de 5%. A ação da Azul chegou a cair mais de 10%, cotada na mínima de R$ 24,99, em dia de divulgação do resultado financeiro do quarto trimestre (prejuízo de R$ 945,7 milhões). O papel da Gol chegou a perder mais de 6%.

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Hoje, o barril do petróleo ultrapassou a marca de US$ 100 após a notícia de que a Rússia atacou pontos em toda a Ucrânia. O brent chegou a subir mais de 7%, atingindo a cotação de US$ 103,38.

Antes do agravamento do conflito entre Rússia e Ucrânia, o setor aéreo já estava pressionado pelo aumento dos custos com energia. No último dia 1º de fevereiro, a refinaria da Acelen (empresa criada pelo Mubadala Capital para assumir a refinaria Landulpho Alves, adquirida da Petrobras no ano passado) aplicou um reajuste no preço do querosene de aviação. Houve um aumento de R$ 411,12/ m³ do JET-A (querosene de aviação), produzido na Refinaria de Mataripe (ex-Landulpho Alves), na Bahia.

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Além do maior risco do cenário geopolítico, que tem potencial de elevar os preços de diversos insumos, a ação da Azul também tem o desempenho limitado pela frustração no seu plano de adquirir a concorrente Latam. O grupo chileno tem ampliado o apoio dos credores à sua proposta de reorganização e, em março, pode dar mais um passo para deixar o Capítulo 11, da lei americana de falências. A proposta da Azul para comprar as operações da Latam não foi considerada.

Em janeiro, o papel da Azul tinha acumulado valorização de 19,91%, refletindo o movimento de retomada das viagens em 2021, com a recriação de sua malha aérea, reabertura das fronteiras e volta dos brasileiros aos seus destinos preferidos.

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A companhia aérea divulgou hoje o resultado financeiro do quarto trimestre. O prejuízo de R$ 945,7 milhões no período, revertendo lucro de R$ 543,4 milhões em igual período do ano passado, foi atribuído ao câmbio e às despesas financeiras. No ano, o prejuízo da Azul totalizou R$ 4,2 bilhões, queda de 61% na comparação ao ano anterior.

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Sérgio Ripardo

Jornalista brasileiro com mais de 29 anos de experiência, com passagem por sites de alcance nacional como Folha e R7, cobrindo indicadores econômicos, mercado financeiro e companhias abertas.