Ações afundam, petróleo supera os US$ 100 e ouro dispara com ataque militar russo

Invasão da Rússia à Ucrânia leva o Stoxx 600 a cair mais de 4%; Foco está na geopolítica, mas operadores também acompanham indicadores importantes para calibrar decisão de bancos centrais

As variáveis que orientarão os mercados
24 de Fevereiro, 2022 | 08:50 AM

Barcelona, Espanha — Os ataques militares deixaram de ser uma hipótese: a Rússia invade formalmente a Ucrânia e a ofensiva militar repercute enormemente nos mercados. Os futuros de índices nos Estados Unidos e as bolsas europeias operam em vermelho vivo. O europeu Stoxx 600 chegou a perder 4,10% às 8h20, horário de Brasília, acumulando queda de mais de 10% em relação ao recorde de janeiro. Os contratos futuros indexados ao Nasdaq recuavam mais de 3% instantes atrás.

Refúgio

A busca por refúgio leva a cotação do ouro às alturas, perto dos US$ 2 mil a onça, no seu maior nível em mais de um ano. A corrida para ativos mais seguros reduz os prêmios pedidos para os títulos do Tesouro dos EUA de 10 anos - recuam 13 pontos base para menos de 1,9%.

Petróleo em disparada

Destaque também para a cotação do petróleo, que avança com intensidade em virtude do risco de interrupção no abastecimento de matérias-primas energéticas, já que a Rússia é um importante player e principal fornecedor de gás natural para a Europa.

Enquanto a Rússia ataca alvos em toda a Ucrânia, o petróleo tipo Brent ultrapassa os US$ 100 por barril e o WTI já encosta nesta barreira. Os preços do gás natural europeu sobem mais de 30% - alguns contratos de energia no mercado europeia disparam mais de 40%. O gás natural bruto e o gás natural europeu precificam os possíveis riscos para as exportações russas de energia.

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🔴 Efeito cascata

A escalada de preços das commodities energéticas trará um impacto significativo à inflação, que já tira o sono das lideranças dos bancos centrais ao redor do globo. A situação geopolítica anuncia novos desafios para uma recuperação global, que já estava lutando com elevadas pressões de preços e o prenúncio de uma política monetária mais restritiva.

As autoridades monetárias, que vinham transmitido ao mercado a necessidade de aumentar os juros para deter o galope da inflação, agora terão de medir o impacto da crise geopolítica sobre as economias globais, um cenário difícil, senão impossível, de se prever.

📊 Com tensão bélica no ar, a bateria de dados macroeconômicos prevista para hoje ficará em segundo plano. Hoje será divulgado o Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA, um dado chave para mensurar a evolução da economia do país e as repercussões na estratégia monetária do Federal Reserve (Fed).

Leia também o Breakfast, uma newsletter da Bloomberg Línea: Começam os ataques

Dia de muito nervosismo nos mercados

🟢 As bolsas ontem: Dow (-1,38%), S&P 500 (-1,84%), Nasdaq (-2,57%), Stoxx 600 (-0,28%), Ibovespa (-0,78%)

As bolsas não resistiram à tensão na Europa Oriental e acrescentaram mais um dia de perdas aos negócios. A administração de Joe Biden anunciou novas sanções, desta vez visando o construtor do gasoduto Nord Stream 2, um projeto liderado pessoalmente pelo Presidente Vladimir Putin que transportaria gás russo para a Alemanha.

Na agenda

Esta é a agenda prevista para hoje:

EUA: Índice de Atividade Nacional Fed Chicago/Jan, Pedidos Contínuos por Seguro-Desemprego, Preços PCE/4Tri21, Lucros Corporativos/4Tri21, PIB/4Tri21, Pedidos Iniciais por Seguro-Desemprego, Gasto dos Consumidores/4Tri21, Vendas de Casas Novas/Jan, Estoques de Gás Natural, Atividade das refinarias de Petróleo pela EIA/Semanal), Índice de Atividade Industrial Fed KC/Fev

• Europa: Reino Unido (Pesquisa CBI de Varejo e Distribuição/Fev, Confiança do Consumidor GfK/Fev); França (Confiança do Consumidor/Fev); Itália (Vendas da Indústria/Dez)

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Ásia: Hong Kong (PIB/4Tri21, Balança Comercial/Jan)

• Bancos centrais: Discurso de Elizabeth McCaul, Isabel Schnabel, Edouard Fernandez-Bollo (BCE), Andrew Bailey, Huw Pill (BoE), Raphael Bostic, Christopher J. Waller (Fed)

• Na América Latina: Brasil ( Taxa de Desemprego, Empréstimos bancários/Jan); México (IPC- 1ª quinzena do mês/Fev)

📌 E para amanhã:

Europa: Zona do Euro (Massa monetária - Agregado M3/Jan; Empréstimos ao Setor Privado; Pesquisa sobre a Confiança de Empresas e Consumidores/Fev; Expectativas de Inflação ao Consumidor/Fev); Alemanha (PIB/4Tri21; Preços de Bens Importados/Jan); França (PIB/4Tri21; Índice de Preços ao Consumidor/Fev; Índice de Preços ao Produtor/Jan; Gastos dos Consumidores/Jan), Espanha (Índice de Preços ao Produtor)

• EUA: Renda Pessoal/Jan, Bens Duráveis, Vendas pendentes de Moradias, deflator PCE, Pesquisa sobre a Confiança do Consumidor compilada pela Universidade de Michigan/Fev

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-- Com informações de Bloomberg News

Michelly Teixeira

Jornalista com mais de 20 anos como editora e repórter. Em seus 13 anos de Espanha, trabalhou na Radio Nacional de España/RNE e colaborou com a agência REDD Intelligence. No Brasil, passou pelas redações do Valor, Agência Estado e Gazeta Mercantil. Tem um MBA em Finanças, é pós-graduada em Marketing e fez um mestrado em Digital Business na ESADE.