Rio Tinto pagará dividendos de US$ 7,7 bilhões com recorde de lucro

Segunda maior mineradora do mundo juntou-se a outras gigantes de commodities na entrega de lucros recordes

Pilbara, Australia
Por James Thornhill - Thomas Biesheuvel
23 de Fevereiro, 2022 | 11:12 AM

Bloomberg — O Grupo Rio Tinto se consolidou como um dos grandes vencedores da recuperação econômica global da pandemia ao entregar seus maiores lucros de todos os tempos e anunciar outro enorme dividendo.

Todas as commodities da Rio dispararam em 2021, quando a demanda industrial reprimida e as armadilhas da cadeia de suprimentos criaram um ano incrível em todo o setor de recursos naturais. O minério de ferro, de longe a commodity mais importante da empresa, atingiu preços recordes no ano passado, assim como o cobre. Mesmo o alumínio, uma dor de cabeça de longa data para a empresa desde a desastrosa compra da Alcan em 2007, está prestes a atingir um recorde histórico.

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A segunda maior mineradora do mundo juntou-se a outras gigantes de commodities na entrega de lucros recordes e enormes retornos aos investidores - a Glencore registrou na semana passada seus maiores lucros de todos os tempos, enquanto o BHP Group divulgou lucros abundantes em seu semestre. A Anglo American deve divulgar seus resultados na quinta-feira (24).

Os ganhos subjacentes da Rio subiram 72% em relação ao ano anterior, para US$ 21,4 bilhões, informou a empresa em comunicado na quarta-feira (23). A empresa recompensará os acionistas com dividendos totalizando US$ 7,7 bilhões. Como muitos de seus rivais, a Rio Tinto busca crescer em commodities essenciais para a transição para a energia verde, como cobre e lítio, embora ainda seja fortemente dependente do minério de ferro.

“Todos os materiais que produzimos hoje são fundamentais para hoje, ainda mais importantes para a transição e também necessários além da transição, incluindo o minério de ferro”, disse o CEO Jakob Stausholm a repórteres. “Estamos bem posicionados para crescer para atender a essa nova demanda.”

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Apesar dos enormes lucros, a Rio Tinto ainda enfrenta vários desafios. Stausholm, que está no cargo há pouco mais de um ano, está tentando mudar a cultura da empresa depois que ela destruiu antigos patrimônios aborígenes australianos, provocando uma reação pública. No início deste mês, publicou um relatório independente que encontrou evidências de assédio sexual generalizado, racismo e bullying.

As perspectivas da Rio permanecem vinculadas a movimentos políticos em Pequim, com as autoridades interessadas em manter os ganhos de preço do minério sob controle, enquanto a empresa também enfrenta ventos contrários devido às crescentes pressões de custos e ao aumento do escrutínio dos investidores sobre sua gestão de questões ambientais, sociais e de governança.

A mineradora com sede em Londres espera que o custo de produção em suas operações de minério de ferro de Pilbara aumente em até 13% este ano. Ele prevê despesas de capital de cerca de US$ 8 bilhões em 2022, subindo para uma faixa de US$ 9 bilhões a US$ 10 bilhões em 2023 e 2024.

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A Rio Tinto apresentou um “scorecard brilhante”, mas os preços do minério até agora em 2022 estão abaixo do ano anterior, disse Peter O’Connor, analista de mineração da Shaw & Partners, em nota. Embora os preços crescentes do cobre e do alumínio possam oferecer algum isolamento, eles são muito menos importantes para a Rio do que o minério de ferro, que responde por cerca de 75% de sua receita.

Os preços do minério de ferro têm sido voláteis, oscilando de máximas históricas acima de US$ 230 por tonelada em maio apenas para recuar para meados de US$ 80 no segundo semestre do ano, com a China controlando a produção de suas siderúrgicas para atender a padrões ambientais mais rígidos. Desde então, o mercado se recuperou, chegando a US$ 150 no início deste ano, depois que a flexibilização monetária e as metas climáticas afrouxadas aumentaram as expectativas de uma robusta produção de aço chinesa no próximo ano.

A tentativa da Rio de diversificar seus negócios para ganhar mais exposição a metais que se propõem a beneficiar a transição para energia verde também enfrenta desafios.

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O governo sérvio em janeiro bloqueou os planos da empresa de construir a maior mina de lítio da Europa após oposição ao projeto por parte a comunidade local; na quarta-feira (23), a empresa disse que estava revisando a base legal da decisão da Sérvia.

A empresa também foi atingida por atrasos e custos excessivos em seu projeto de expansão de cobre, de US$ 6,9 bilhões, em Oyu Tolgoi. Em janeiro, a Rio Tinto fechou um acordo com o governo da Mongólia para abrir mão da dívida do Estado para levar o projeto adiante.

– Esta notícia foi traduzida por Marcelle Castro, Localization Specialist da Bloomberg Línea.

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