Ibovespa cai e dólar fecha em R$ 5, com tensões ampliadas no exterior

Investidores também repercutiram dados de inflação acima do esperado em fevereiro, bem como balanços corporativos do quarto trimestre

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Bloomberg Línea — Com os investidores digerindo as sanções comerciais contra a Rússia, bem como dados de inflação acima do esperado em fevereiro no Brasil, o Ibovespa (IBOV) fechou em queda nesta quinta-feira (23), seguindo os índices acionários globais.

A sessão foi de perdas também para o dólar, que chegou a testar pela manhã o patamar abaixo dos R$ 5 pela primeira vez desde junho de 2021.

Por aqui, as atenções recaíram sobre os dados do IPCA-15, a prévia da inflação oficial do país, que apresentou alta de 0,99% em fevereiro – acima do esperado e a maior taxa para o mês desde 2016.

Com isso, traders aumentam as apostas de que o Banco Central possa aumentar o ritmo das altas de juros nos próximos meses, a começar pela próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em março.

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Entre as maiores perdas do Ibovespa nesta quinta estiveram os papéis de 3R Petroleum (RRRP3), que caíram 12,49%, a R$ 31,59, e os de Banco Inter (BIDI11), com baixa de 12,12%, a R$ 20,96.

Já entre os ganhos do índice, o destaque ficou com as ações da Eletrobras, com ganhos de 3,14% (ELET3), a R$ 34,84, e 3,27% (ELET6), a R$ 34,75, respectivamente.

Ontem, os acionistas da companhia estatal autorizaram, em Assembleia Geral Extraordinária, o processo de privatização da elétrica. Agora, o próximo passo é a avaliação do TCU (Tribunal de Contas da União) sobre o modelo de venda proposto pela União.

Também tiveram alta nesta quinta as ações de Cemig (CMIG4), com valorização de 2,28%, e Taesa (TAEE11), com ganhos de 2,11%.

Confira o fechamento dos mercados nesta quinta-feira (23):

  • O Ibovespa recuou 0,78%, encerrando o pregão aos 112.007 pontos;
  • O dólar comercial teve queda de 0,95%, negociado a R$ 5,003 na compra;
  • Os contratos de juros futuros tiveram queda, acompanhando o dólar; o DI com vencimento em 2025 caiu 15 pontos-base, a 11,25%, enquanto o DI para 2027 cedeu dez pontos-base, a 11,16%;
  • Por volta das 18h15 (horário de Brasília), o Bitcoin (BTC) subia cerca de 2,3%, negociado a US$ 38.757;

Cenário internacional

No exterior, as bolsas dos Estados Unidos e da Europa tiveram uma sessão de perdas, impulsionadas pela notícia de que vários sites de governos e bancos na Ucrânia sofreram um ataque cibernético.

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Os mercados reagiram ainda às novas sanções anunciadas pelo presidente dos EUA, Joe Biden, contra a Rússia, com novas penalidades atingindo o oleoduto Nord Stream 2.

O S&P 500 caiu 1,8%, avançando ainda mais no campo de correção, à medida que as ações de tecnologia foram vendidas em meio às crescentes tensões geopolíticas. O Dow Jones também cedeu, fechando o pregão no menor patamar do ano.

Os investidores estão avaliando o impacto potencial das primeiras sanções ocidentais depois que o presidente dos EUA, Joe Biden, disse na terça-feira (21) que a Rússia começou a invadir a Ucrânia.

O temor de que a tensão na Ucrânia possa prejudicar a oferta de commodities reforçou desde o setor de energia ao trigo e níquel. Ontem, o petróleo retomou um rali, com o petróleo Brent atingindo US$ 98 o barril. O ouro também subiu.

No mercado de commodities agrícolas, o preço do milho atingiu o patamar mais alto da história na bolsa de Chicago, cotado a US$ 6,7625 por bushel.

  • Nos EUA, o índice Dow Jones caiu 1,38%, o S&P 500 recuou 1,84%, enquanto o da Nasdaq teve perdas de 2,57%;
  • Na Europa, o índice Dax, da Alemanha, fechou em queda de 0,42%, enquanto o CAC-40, de Paris, fechou o pregão estável, em leva queda de 0,10%.
  • Entre as commodities, o petróleo WTI para abril subiu 0,21%, a US$ 92,10 o barril;

O presidente Vladimir Putin negou que a Rússia pretenda invadir a Ucrânia, mas os legisladores lhe deram luz verde para enviar tropas para regiões controladas pelos separatistas. O principal diplomata dos EUA, Antony Blinken, também anunciou que uma cúpula marcada para esta semana com o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, foi cancelada.

(Com informações de Bloomberg News)

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