Ibovespa cai e dólar fecha em R$ 5, com tensões ampliadas no exterior

Investidores também repercutiram dados de inflação acima do esperado em fevereiro, bem como balanços corporativos do quarto trimestre

Sessão foi de queda para os mercados acionários globais, de olho na Rússia
23 de Fevereiro, 2022 | 06:35 PM
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Bloomberg Línea — Com os investidores digerindo as sanções comerciais contra a Rússia, bem como dados de inflação acima do esperado em fevereiro no Brasil, o Ibovespa (IBOV) fechou em queda nesta quinta-feira (23), seguindo os índices acionários globais.

A sessão foi de perdas também para o dólar, que chegou a testar pela manhã o patamar abaixo dos R$ 5 pela primeira vez desde junho de 2021.

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Por aqui, as atenções recaíram sobre os dados do IPCA-15, a prévia da inflação oficial do país, que apresentou alta de 0,99% em fevereiro – acima do esperado e a maior taxa para o mês desde 2016.

Com isso, traders aumentam as apostas de que o Banco Central possa aumentar o ritmo das altas de juros nos próximos meses, a começar pela próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em março.

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Entre as maiores perdas do Ibovespa nesta quinta estiveram os papéis de 3R Petroleum (RRRP3), que caíram 12,49%, a R$ 31,59, e os de Banco Inter (BIDI11), com baixa de 12,12%, a R$ 20,96.

Já entre os ganhos do índice, o destaque ficou com as ações da Eletrobras, com ganhos de 3,14% (ELET3), a R$ 34,84, e 3,27% (ELET6), a R$ 34,75, respectivamente.

Ontem, os acionistas da companhia estatal autorizaram, em Assembleia Geral Extraordinária, o processo de privatização da elétrica. Agora, o próximo passo é a avaliação do TCU (Tribunal de Contas da União) sobre o modelo de venda proposto pela União.

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Também tiveram alta nesta quinta as ações de Cemig (CMIG4), com valorização de 2,28%, e Taesa (TAEE11), com ganhos de 2,11%.

Confira o fechamento dos mercados nesta quinta-feira (23):

  • O Ibovespa recuou 0,78%, encerrando o pregão aos 112.007 pontos;
  • O dólar comercial teve queda de 0,95%, negociado a R$ 5,003 na compra;
  • Os contratos de juros futuros tiveram queda, acompanhando o dólar; o DI com vencimento em 2025 caiu 15 pontos-base, a 11,25%, enquanto o DI para 2027 cedeu dez pontos-base, a 11,16%;
  • Por volta das 18h15 (horário de Brasília), o Bitcoin (BTC) subia cerca de 2,3%, negociado a US$ 38.757;

Cenário internacional

No exterior, as bolsas dos Estados Unidos e da Europa tiveram uma sessão de perdas, impulsionadas pela notícia de que vários sites de governos e bancos na Ucrânia sofreram um ataque cibernético.

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Os mercados reagiram ainda às novas sanções anunciadas pelo presidente dos EUA, Joe Biden, contra a Rússia, com novas penalidades atingindo o oleoduto Nord Stream 2.

O S&P 500 caiu 1,8%, avançando ainda mais no campo de correção, à medida que as ações de tecnologia foram vendidas em meio às crescentes tensões geopolíticas. O Dow Jones também cedeu, fechando o pregão no menor patamar do ano.

Os investidores estão avaliando o impacto potencial das primeiras sanções ocidentais depois que o presidente dos EUA, Joe Biden, disse na terça-feira (21) que a Rússia começou a invadir a Ucrânia.

O temor de que a tensão na Ucrânia possa prejudicar a oferta de commodities reforçou desde o setor de energia ao trigo e níquel. Ontem, o petróleo retomou um rali, com o petróleo Brent atingindo US$ 98 o barril. O ouro também subiu.

No mercado de commodities agrícolas, o preço do milho atingiu o patamar mais alto da história na bolsa de Chicago, cotado a US$ 6,7625 por bushel.

  • Nos EUA, o índice Dow Jones caiu 1,38%, o S&P 500 recuou 1,84%, enquanto o da Nasdaq teve perdas de 2,57%;
  • Na Europa, o índice Dax, da Alemanha, fechou em queda de 0,42%, enquanto o CAC-40, de Paris, fechou o pregão estável, em leva queda de 0,10%.
  • Entre as commodities, o petróleo WTI para abril subiu 0,21%, a US$ 92,10 o barril;

O presidente Vladimir Putin negou que a Rússia pretenda invadir a Ucrânia, mas os legisladores lhe deram luz verde para enviar tropas para regiões controladas pelos separatistas. O principal diplomata dos EUA, Antony Blinken, também anunciou que uma cúpula marcada para esta semana com o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, foi cancelada.

(Com informações de Bloomberg News)

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Mariana d'Ávila

Editora assistente na Bloomberg Línea. Jornalista brasileira formada pela Faculdade Cásper Líbero, especializada em investimentos e finanças pessoais e com passagem pela redação do InfoMoney.