Bloomberg Línea — Em discurso durante evento voltado a investidores organizado pelo banco BTG Pactual, o presidente Jair Bolsonaro (PL) atacou o ex-presidente Lula (PT), seu principal adversário nas eleições deste ano, sem citá-lo nominalmente, e atribuiu ao petista o que seria um programa de governo que inclui a reestatização de empresas privatizadas, legalização do aborto e das drogas.
“O que os senhores achariam se estas medidas fossem implementadas: se revogarmos a autonomia do Banco Central, a reforma trabalhista, se retornar o imposto sindical, se reestatizarmos as empresas que foram desestatizadas, se o governo começar a interferir nos preços da Petrobras e da energia, se viermos a fortalecer o MST?”, disse.
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E prosseguiu: “Se fizéssemos campanha para retirar as armas do cidadão de bem, se desmilitarizarmos as polícias militares, se extinguirmos os colégios cívico-militares, se liberarmos as drogas no Brasil, se legalizarmos o aborto, se voltarmos a nos aproximar de Cuba e de outras ditaduras pelo mundo. Apenas faço essas perguntas porque o outro lado defende tudo isso daí. Não é um debate. Se isso tudo fosse botado em prática, como estaria a economia do Brasil?”, discursou.
Depois, questionou: “Isso não representa nada para a classe pensante no Brasil? Ou podemos voltar a flertar com o comunismo?”. “O que falta é responsabilidade.”
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Bolsonaro e Lula vêm despontando como os principais candidatos nas eleições deste ano. O ex-presidente mantém dianteira, segundo os principais institutos de pesquisa.
O petista vem criticando a política de preços da Petrobras, de se atrelar às variações do mercado internacional, à reforma trabalhista e à privatização da Eletrobras, recentemente liberada pelo TCU (Tribunal de Contas da União).
Apoiadores do presidente usaram o mote da liberação do aborto na Colômbia, em decisão da corte constitucional daquele país, para fazer críticas ao PT e a Lula.
Nesta quarta, na tribuna da Câmara, Otoni de Paula (PSC-RJ) acusou o partido de apoiar o aborto. Vice de Haddad em 2018, a ex-deputada Manuela D’Ávila (PCdoB/RS) celebrou a decisão do Judiciário colombiano como “histórico” em um tuíte, apagado depois.
O print do tuíte tem sido divulgado nas redes sociais por apoiadores do presidente.
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