Boris Johnson quer tirar final da Champions League da Rússia

Palavra final é da Uefa, mas Reino Unido já impôs suas sanções ao país ao visar bancos e congelar ativos de bilionários

É o que busca o primeiro-ministro britânico; Uefa ainda está analisando situação
Por Jake Rudnitsky - Kitty Donaldson
22 de Fevereiro, 2022 | 05:01 PM

Bloomberg — Embora as sanções do primeiro-ministro Boris Johnson à Rússia pelo reconhecimento de duas autoproclamadas repúblicas na Ucrânia tenham sido criticadas como fracas por alguns legisladores do Reino Unido, uma das penalidades proposta pode atingir o presidente russo Vladimir Putin.

Johnson pediu que a partida de maior prestígio do futebol europeu de clubes, a final da Champions League, seja transferida da cidade natal de Putin, São Petersburgo, onde deve ser disputada na Gazprom Arena em 28 de maio. “É impossível realizar torneios de futebol em uma Rússia que invade países soberanos”, disse ele ao Parlamento do Reino Unido.

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A Uefa disse em um comunicado enviado por e-mail que está “monitorando de perto a situação e qualquer decisão será tomada oportunamente se necessário”. A entidade não quis fazer mais comentários.

Embora as decisões sobre a final sejam uma questão a ser resolvida pelas autoridades do futebol europeu, as medidas do governo do Reino Unido contra a Rússia anunciadas por Johnson na terça-feira (22) visavam principalmente pessoas e entidades expulsas dos mercados internacionais anos atrás por listas proibidas dos Estados Unidos.

Ele listou cinco bancos e congelou ativos de Gennady Timchenko, Boris Rotenberg e seu sobrinho, Igor Rotenberg. Os dois primeiros, associados bilionários de Putin, receberam sanções dos EUA em 2014; o terceiro recebeu em 2018.

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“As sanções só importam se fizerem o Kremlin pensar novamente”, disse Tom Tugendhat, parlamentar conservador e presidente do Comitê de Relações Exteriores do Parlamento. “Estas são uma repetição das sanções dos EUA. Precisamos fazer mais se quisermos fazer a diferença”.

Quatro dos cinco bancos também estavam na lista dos EUA e a maioria deles é relativamente pequena. O Banco Rossiya foi sancionado pelo Tesouro dos EUA em 2014, enquanto os outros são pequenos e desconhecidos credores ligados à Crimeia, como o Genbank, o Banco de Desenvolvimento e Reconstrução do Mar Negro e o IS Bank, que tem menos de US$ 100 milhões em ativos, segundo o site Banki.ru.

Apenas uma entidade na lista que Johnson revelou no Parlamento nesta terça-feira ainda não foi sancionada pelos EUA: o Promsvyazbank, adquirido pelo Estado em 2017 e transformado em um banco para a indústria de defesa.

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No Parlamento, Johnson defendeu a lista, dizendo: “queríamos trabalhar em estreita colaboração com nossos amigos, apenas para reforçar essa mensagem de unidade e determinação no Ocidente”.

Em Moscou, as ações dos dois maiores bancos da Rússia, Sberbank e VTB Group, subiram com a notícia, e os investidores ficaram aliviados por não terem sido alvos das sanções.

Putin usou grandes eventos esportivos nos últimos anos para mostrar seu governo e melhorar a imagem internacional da Rússia. Ele gastou cerca de US$ 50 bilhões para sediar os Jogos Olímpicos de Inverno de 2014 em Sochi, que mais tarde esteve envolvido em um escândalo de doping esportivo no país, e sediou a Copa do Mundo de 2018 com ampla aclamação.

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--Este texto foi traduzido por Bianca Carlos, localization specialist da Bloomberg Línea.

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