Bloomberg — Os investidores estão se excedendo no otimismo sobre os sinais ao centro emitidos pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, diz Alexandre Schwartsman, consultor da Schwartsman & Associados.
“Eu, particularmente, sou muito cético com essa história de Lula paz e amor”, disse Schwartsman, que foi diretor do Banco Central entre 2003 e 2006, em entrevista.
Lula, ou qualquer outro candidato que vença a eleição, vai enfrentar uma situação muito mais difícil do que no primeiro ano de governo do petista, segundo o ex-diretor do BC.
Se duas décadas atrás o país tinha superávit primário superior a 3% do PIB, o ano passado fechou com superávit de apenas 0,75%, após déficit recorde no ano anterior. E as contas do governo devem voltar ao negativo neste ano com a arrecadação prejudicada pelo menor crescimento, disse Schwartsman.
Em seu primeiro mandato, bastou a Lula manter um superávit fiscal que já existia, mas desta vez ele terá de promover reformas para conter a crescente dívida do país, de acordo com o ex-BC. Entretanto, assessores econômicos do ex-presidente defendem aumentos de gastos.
“Mesmo que o Lula esteja disposto a repetir o que fez em seu primeiro governo, a questão é que não estamos mais em 2003. Temos uma situação bem pior”, disse o ex-diretor do BC.
Os ativos brasileiros iniciaram o ano com forte rali, alimentado pela entrada de fluxo dos investidores estrangeiros atraídos pelos preços baixos -- e que até agora não mostram preocupação com um eventual retorno de Lula.
O dólar tem queda de cerca 8% no ano, e o real lidera todas as moedas de mercados emergentes, enquanto o Ibovespa registra entradas de capital externo todos os dias desde meados de dezembro.
“Eu acho que o mercado está extraordinariamente otimista, mas eu não compro”, disse o ex-diretor do BC.
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