São Paulo — A Polícia Civil do Estado de São Paulo deve investigar um suposto esquema de pirâmide financeira envolvendo a falsa comercialização de criptomoedas, que motivou mais de 500 consumidores a registrarem queixa contra a empresa MSK Operações e Investimentos, reclamando que não receberam os recursos aplicados.
O Procon-SP, entidade de defesa do consumidor, informou, nesta segunda-feira (21), que encaminhou ofício sobre o caso, na última sexta-feira (18), ao Departamento de Política de Proteção à Cidadania da Polícia Civil.
Em dezembro do ano passado, o Procon-SP diz ter recebido 39 registros contra a empresa; em janeiro deste ano, foram 172 casos e no mês de fevereiro - só até o dia 17 - foram 337 queixas. As denúncias estão sendo encaminhadas à Polícia Civil para apuração criminal, segundo a entidade.
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Bloomberg Línea procurou ouvir a empresa pelo número de celular e e-mail indicados em sua página na internet, mas não obteve sucesso.
Em janeiro, o Procon-SP firmou acordo com a MSK estabelecendo que a empresa reembolsaria os consumidores no valor integral investido e reforçaria seus canais de atendimento presencial.
“Apesar de o acordo prever a devolução dos valores a partir do mês de março, o Procon-SP decidiu não esperar esse prazo considerando o aumento expressivo no número de reclamações registradas e a necessidade de preservar os direitos dos consumidores”, disse a entidade.
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Na Junta Comercial de São Paulo, os sócios da MSK são identificados como Glaidson Tadeu Rosa e Carlos Eduardo de Lucas. Outro envolvido no caso é o trader Saulo Gonçalves Roque, segundo reportagem publicada pelo portal R7 no último dia 14 de fevereiro (“Clientes denunciam empresa de criptoativos por fechar e ‘sumir’ com investimento”), citando uma fonte anônima, apenas identificada como cliente da MSK.
“Segundo ele, a MSK Invest tem cerca de 3.800 clientes e o prejuízo total para os consumidores seria superior aos R$ 700 milhões”, cita o R7.
Outras denúncias
O caso envolvendo a MSK engrossa a lista de denúncias de fraudes cometidas no Brasil por empresas que se dizem operadoras de bitcoins e simplesmente somem com os valores do investidor.
A Operação Kryotos da Polícia Federal realizada recentemente apreendeu R$ 150 milhões da GAS Consultoria Bitcoin no Rio de Janeiro que pertence ao denominado “faraó das bitcoins”. Outras empresas praticaram a mesma fraude e lesaram clientes em todo o país, um prejuízo bilionário.
A acusação contra essas empresas é de que operem um esquema de pirâmide financeira e não com criptomoedas. Sempre apresentam a promessa de grandes lucros e depois não cumprem os contratos e nem devolvem os valores investidos.
Segundo, Francisco Gomes Júnior, advogado especialista em direito digital, ao investir em criptomoedas é fundamental verificar a reputação da empresa, seus dados societários, sites, contatos e o tempo que ela opera no mercado, isso evita que o interessado seja vítima de golpes.
“As operações em criptomoeda são lastreadas pela lei da oferta e demanda. O valor de um bitcoin, por exemplo, pode variar para cima ou para baixo. Assim, se alguém oferece um lucro garantido, não se trata de um investimento em criptomoeda. Outra dica, se você por acaso é vítima de alguma empresa que não cumpre o contrato assinado, haja rapidamente, pois as chances de que o patrimônio da empresa desapareça ou se mostre insuficiente para honrar seus compromissos é grande. Quem tem agilidade tem maiores chances de recuperar o valor investido” ,complementa Gomes Junior, que também é Presidente da ADDP (Associação de Defesa de Dados Pessoais).
(Atualiza às 9h do dia 23 com dados da Junta Comercial sobre identidade dos sócios)
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