China pressiona para mais fiscalização sobre finanças do bilionário Jack Ma

Autoridades chinesas deram ordens para que grandes empresas estatais e bancos voltem a checar vínculos com a Ant Group

Vários órgãos reguladores recentemente orientaram as instituições sob sua supervisão que examinassem toda a exposição à Ant
Por Bloomberg News
21 de Fevereiro, 2022 | 10:51 AM

Bloomberg — Autoridades chinesas deram ordens para que grandes empresas estatais e bancos voltem a checar sua exposição financeira e outros vínculos com a Ant Group, ampliando a investigação sobre as finanças do império do bilionário Jack Ma. A informação é de pessoas a par do assunto que pediram anonimato à reportagem.

Vários órgãos reguladores, inclusive o responsável pelo setor bancário, recentemente orientaram as instituições sob sua supervisão que examinassem toda a exposição à Ant, suas subsidiárias e até seus acionistas, segundo as fontes. Os entrevistados descreveram a iniciativa como a avaliação mais completa e abrangente dos negócios feitos com a Ant. As instituições também receberam instruções para relatar suas descobertas o mais rápido possível.

Não está claro o que desencadeou o novo escrutínio ou se as autoridades reguladoras tomarão providências a partir dele, acrescentaram as fontes. O esforço é liderado pelo Gabinete Nacional de Auditoria, segundo duas delas. Esse gabinete e a Comissão Reguladora de Bancos e Seguros da China não responderam imediatamente aos pedidos de comentário da reportagem. A Ant se recusou a comentar.

Mais de um ano após o governo chinês interromper a oferta inicial de ações (initial public offering ou IPO) da Ant, que seria a maior já vista, não há sinais de trégua em uma campanha de repressão que progrediu para todos os cantos da tecnosfera da China. As autoridades aplicaram bilhões de dólares em multas antitruste para acabar com a dominação exercida por algumas gigantes, enquanto o presidente Xi Jinping trabalha em sua promessa de avançar a “prosperidade comum”.

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As medidas regulatórias e investigações derrubaram as ações de companhias como Alibaba Group Holding, dona de um terço da Ant, e da Tencent, além de abalar seus lucros e crescimento. Planos de listagem de papéis foram suspensos.

A Ant foi a mais duramente atingida. Pequim impediu a IPO de US$ 35 bilhões da fintech em novembro de 2020, dando ordens para que reestruturasse suas operações — incluindo empréstimos, seguros e gestão de patrimônio — e criasse uma holding financeira que pudesse ser regulada como um banco.

Mais de uma dezena de bancos chineses vêm reduzindo suas parcerias com a Ant em empréstimos ao consumidor desde o começo dessa campanha do governo.

“A gigantesca fintech chinesa Ant Group enfrenta piora das perspectivas de lucro e a avaliação das ações desabou devido à repressão regulatória de Pequim. O aumento do lucro no trimestre encerrado em junho foi impulsionado principalmente por ganhos nos investimentos, não por crescimento orgânico. O lucro da Ant com operações de crédito caiu a menos da metade e a o valor do grupo despencou para US$ 71,5 bilhões”, afirmou Francis Chan, analista de bancos e fintechs da Bloomberg Intelligence.

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