BRF: Molina, da Marfrig, quer mais influência na gestão e mira conselho

Maior acionista individual da dona da Sadia e Perdigão, Marfrig apresentará uma chapa com candidatos ao conselho de administração da empresa na próxima assembleia

Empresa de Marcos Molina informou que pretende indicar uma chapa de candidatos ao conselho, hoje presidido por Pedro Parente
21 de Fevereiro, 2022 | 01:24 PM

Bloomberg Línea — Quando Marcos Molina assumiu uma posição relevante dentro da composição acionária da BRF (BRFS3) a pergunta que circulou no mercado era quando seus tentáculos começariam a entrar na gestão da empresa. A resposta veio hoje. A Marfrig (MRFG3) comunicou a seus acionistas que apresentará à BRF uma chapa com candidatos ao conselho da empresa na próxima assembleia geral de acionistas, marcada para o próximo dia 28 de março. Com isso, foi colocado em xeque o futuro do atual presidente do conselho da BRF, Pedro Parente, que assumiu o posto em 2020 e tem mandato até abril deste ano.

Na prática, a decisão de propor mudanças no conselho está relacionada ao desejo de Molina de influenciar mais diretamente na administração da empresa. O atual CEO, Lorival Luz, está na empresa desde 2017, quando assumiu a chefia financeira da BRF, tornou-se vice-presidente executivo global em 2018 e sucedeu Parente, quando este assumiu o conselho de administração. E os números, especialmente dos últimos três trimestres, podem sinalizar o desejo de Molina em mudanças (veja gráficos abaixo). O novo balanço trimestral será divulgado amanhã (22/02).

Porém, mais do que a frieza dos números, está a relevância que a Marfrig passou a ter na composição acionária da BRF. Após o follow-on que levantou R$ 5,4 bilhões, a participação da empresa de Marcos Molina passou de 31,66% para 33,25%, muito próximo do limite dos 33,33% para a “poison pill”. Pelo estatuto da empresa, o acionista que atingir esse patamar é obrigado a promover uma OPA, oferecendo aos minoritários a opção de venda das ações, incluindo um prêmio sobre o valor de face. Uma eventual mudança nessa regra só poderia partir de uma decisão do Conselho de Administração, onde Molina ainda não tem nenhum representante.

Pelas regras vigentes, a Marfrig poderia ter elevado sua participação para além dos 33,33% sem o pagamento do prêmio durante o follow-on. Contudo, antes da emissão da BRF, a Petros apresentou um parecer encontrando argumentos que permitiriam a cobrança do prêmio caso o limite de participação fosse alcançado, mesmo em um follow-on. Para não entrar em uma briga jurídica, Molina preferiu se manter abaixo dos 33,33%, mas agora quer mudanças.

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Alexandre Inacio

Jornalista brasileiro, com mais de 20 anos de carreira, editor da Bloomberg Línea. Com passagens pela Gazeta Mercantil, Broadcast (Agência Estado) e Valor Econômico, também atuou como chefe de comunicação de multinacionais, órgãos públicos e como consultor de inteligência de mercado de commodities.