Bloomberg Línea — No último sábado (19), a Binance concluiu o leilão da primeira NFT emitida pela Federação Paulista de Futebol. O gol de pênalti do atacante Evair, no segundo jogo da final do Paulistão de 1993, que garantiu o título do campeonato ao Palmeiras, depois de um jejum de 17 anos sem conquistas, foi retratado em uma ilustração pelo artista Pedro Nuin.
Após cinco dias recebendo lances, a obra foi vendida com um ágio de 110% sobre o valor inicial. O token não fungível foi o primeiro de um total de cinco ilustrações retratando grandes momentos do campeonato paulista que serão lançadas.
A ideia de criar NFTs de ilustrações de momentos do Paulistão para serem comercializadas na plataforma da Binance é apenas um exemplo modesto do que as empresas ligadas ao blockchain e ao universo de criptoativos têm na manga. “Nós vamos consolidar a tecnologia de NFT este ano. A ideia é mostrar que a Binance não é apenas uma corretora, mas reforçar que é todo um ecossistema de blockchain. Temos planos, por exemplo, de criar NFTs de gols ou lances em tempo real”, diz Mayra Siqueira, gerente geral da Binance no Brasil.
Há cerca de 30 dias, a empresa assinou o patrocínio do Paulistão deste ano e passou a ter sua marca exposta nas placas de patrocínio nos estádios. Antes disso, a Binance já havia acertado o patrocínio do Santos Futebol Clube, com o direito, inclusive, de estampar sua marca na camisa e comercializar e operacionalizar outros produtos como Fan Tokens e NFTs.
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O principal objetivo da Binance e outras empresas do setor, especialmente aquelas que trabalham na compra e venda de ativos, sejam Fan tokens, NFTs e, principalmente, criptomoeadas, é popularizar o conceito do blockchain junto a um público com grande número de participantes e interessados em tudo o que seus clubes produzem. Para alguns especialistas, consolidar o conceito da nova tecnologia entre os amantes do futebol é um passo importante em busca da regulamentação do setor, especialmente no que se refere às transações envolvendo moedas.
A popularização do universo cripto e do blockchain na plataforma do futebol seria uma maneira de demonstrar aos reguladores que a tecnologia é de fácil utilização e, acima de tudo, segura. “Defendemos a regulação do mercado. É importante que ela ocorra no Brasil, mas respeitando a liberdade dos usuários e as individualidades da tecnologia”, afirma Mayra, da Binance, que ainda não possui sede no Brasil.
Mas não é apenas a gigante do blockchain que está atenta ao potencial do futebol e naquilo que ele pode oferecer. Antes dela, outra exchange de criptoativos já havia se tornado a primeira empresa do setor a patrocinar uma equipe masculina de futebol no Brasil. Em setembro do ano passado, a brasileira MercadoBitcoin fechou parceria com o Corinthians até dezembro deste ano e passou a negociar o Fan Token do time.
Em janeiro deste ano, a mexicana Bitso acertou por três anos o patrocínio do São Paulo Futebol Clube, considerando que o clube fosse o primeiro a aceitar criptomoedas na compra de ingressos e outros itens no estádio. Na ocasião, Beatriz Oliveira, Head de Marketing para América Latina da Bitso lembrou que a parceria marcava a entrada da empresa no futebol brasileiro. “A parceria é muito mais do que a logo na camisa. Nosso objetivo é que cripto seja cada vez mais usada no mundo do esporte e que a gente consiga trazer mais trazer os benefícios, as vantagens, as facilidades e a segurança”, disse a executiva na ocasião.
Mas não é apenas para o Brasil que as exchanges de criptoativos estão olhando. No México, a Bitso já tem uma presença consolidada na plataforma do futebol. A empresa á patrocinadora do Tigres, um dos maiores times do país e anunciou recentemente, em janeiro deste ano, o patrocínio à seleção mexicana. No discurso aos mexicanos, uma narrativa muito semelhante a adotada no Brasil, como educação sobre o tema e também o lançamento de um Fan Token da seleção.
A plataforma Crypto.com já havia anunciado no final do ano passado, o patrocínio à Confederação Sul-Americana de Futebol (CONMEBOL). Na parceria com a organizadora do maior torneio de futebol da região, a novidade foi a integração sistema de arbitragem de vídeo (VAR) da Libertadores, o que garantiria à empresa acesso a lances que as transmissoras dos jogos não tem acesso, pelo menos não de forma integral. Além disso, o patrocínio engloba exposição nos estádios, eventos, transmissões e ativos digitais do torneio.
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