Wall Street encerra semana de fortes perdas com tensão geopolítica e Fed

As oscilações de ações se intensificaram antes do fechamento, com o vencimento de US$ 2,2 trilhões de opções na sexta-feira exacerbando os movimentos

Wall Street encerra semana de fortes perdas com tensão geopolítica e Fed
Por Rita Nazareth
18 de Fevereiro, 2022 | 06:27 PM

Bloomberg — Os mercados de ações tiveram mais um dia de perdas, enquanto os títulos subiram no final de uma semana agitada e marcada por um impasse entre o Ocidente e a Rússia em torno da Ucrânia, além de preocupações com os próximos passos da política monetária do Federal Reserve.

As oscilações de ações se intensificaram antes do fechamento, com o vencimento de US$ 2,2 trilhões de opções na sexta-feira exacerbando os movimentos. O S&P 500 (SPX) ficou brevemente positivo antes de retomar seu declínio, com ações de tecnologia, energia e do setor industrial diminuindo o indicador. Os traders também preferiram evitar risco antes de um feriado nos EUA na segunda-feira. O Nasdaq Composite passou a sugerir uma “cruz da morte”, um padrão técnico que às vezes pressagia mais fraqueza no benchmark.

Os rendimentos de 10 anos dos títulos do Tesouro dos EUA (GT10) se aproximaram de 1,9%, enquanto o petróleo reduziu as perdas depois de afundar até 3% na sexta-feira. O Bitcoin foi negociado perto de seu nível psicológico chave de US$ 40 mil.

Os EUA disseram que a Rússia reuniu cerca de 190 mil pessoas na Ucrânia e nos arredores, considerando a mobilização militar no local como a mais significativa desde a Segunda Guerra Mundial. A Rússia disse aos EUA esta semana que não tem planos de atacar. Citando a região separatista de Donbas, na Ucrânia, o presidente russo Vladimir Putin convidou Kiev a “sentar-se à mesa de negociações” com líderes locais e “concordar com medidas políticas, militares, econômicas e humanitárias para acabar com o conflito”. O governo em Kiev se recusa a negociar com os separatistas apoiados pela Rússia.

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Uma das autoridades mais ‘dovish” do Fed pediu uma mudança de política “substancial” - enquanto minimizava a necessidade de um aperto agressivo no próximo mês. As declarações na sexta-feira do presidente do Fed de Chicago, Charles Evans, e de seu colega de Nova York, John Williams, reforçaram implicitamente a mensagem de que o banco central dos EUA aumentará as taxas em um quarto de ponto em sua reunião de março, mesmo que os principais membros permaneçam de mente aberta sobre o quão alta a taxa terá de ir.

Comentários:

  • “O medo pode ser um bom aliado para os mercados”, escreveu Callie Cox, analista de investimentos da eToro nos EUA. “Quando os investidores ficam nervosos, eles tendem a adicionar mais dinheiro e proteger suas posições. As piores tempestades de mercado geralmente acontecem quando os investidores menos esperam. No momento, estamos protegidos e prontos para um grande soco no estômago, mas pode não doer tanto quanto pensamos. É uma boa receita para um rali de alívio quando as manchetes se acalmarem.”
  • “A situação permanece fluida e acreditamos que os mercados continuarão sujeitos a crises de aversão a risco nos próximos dias”, escreveu Win Thin, chefe global de estratégia de moeda da Brown Brothers Harriman.
  • “Embora tenha havido alguns relatos de diminuição das tensões, nada mudou fundamentalmente para impedir que os investidores continuem com medo de uma possível invasão russa”, escreveu Fawad Razaqzada, analista da ThinkMarkets. “Além disso, o sentimento dos investidores provavelmente permanecerá pessimista de qualquer maneira, dadas as preocupações sobre o aumento das pressões inflacionárias em todo o mundo e o aperto das políticas do Fed”.

Após seu pior início de ano em décadas, os títulos do Tesouro estão reafirmando seu status de investimento defensivo e eclipsando o apelo de ativos mais arriscados - uma combinação preocupante para os estrategistas do Bank of America Corp. (BAC). A dívida soberana dos EUA atraiu US$ 7,4 bilhões em captação, a maior desde o início da pandemia de coronavírus, de acordo com uma nota do BofA citando dados da EPFR Global para a semana até quarta-feira.

Alguns destaques corporativos:

  • A General Electric Co. (GE) alertou que problemas na cadeia de suprimentos, escassez de mão de obra e inflação de materiais serão um empecilho para seus negócios pelo menos até meados deste ano.
  • A DraftKings Inc. (DKNG) adicionou menos novos clientes no quarto trimestre do que Wall Street esperava, mesmo depois de gastar centenas de milhões de dólares para atrair novos apostadores.
  • As perspectivas de receita e vendas da plataforma de streaming de vídeo Roku Inc. (ROKU) ficaram aquém das expectativas dos analistas.
  • A Deere & Co. (DE) reportou lucro acima do esperado e elevou suas perspectivas, pois uma economia agrícola em expansão ajuda o fabricante de máquinas agrícolas a superar problemas na cadeia de suprimentos, inflação de matérias-primas e agitação trabalhista.

Alguns dos principais movimentos nos mercados:

Ações

  • O S&P 500 (SPX) terminou com perdas de 0,7%;
  • O Nasdaq 100 (NDX) teve baixa de 1,1%;
  • O Dow Jones Industrial Average (INDU) recuou 0,7%;
  • O índice MSCI World (MXWO) caiu 0,9%;

Moedas

  • O Bloomberg Dollar Spot Index (DXY) subiu 0,2%;
  • O euro caiu 0,3% para US$ 1,1326;
  • A libra britânica (GBP) caiu 0,1% a US$ 1,3599;
  • O iene japonês (JPY) caiu 0,1% para 115,10 por dólar;

Renda fixa

  • O rendimento dos títulos do Tesouro de 10 anos (GT10) recuou quatro pontos-base para 1,92%;
  • O rendimento de 10 anos da Alemanha recuou quatro pontos base para 0,19%;
  • O rendimento de 10 anos da Grã-Bretanha recuou nove postos base para 1,38%;

Commodities

  • O petróleo bruto West Texas Intermediate (WTI) caiu 0,1% para US$ 91,65 o barril;
  • Futuros de ouro caiu 0,2% 1,6% para US$ 1.899 a onça.

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