Bloomberg — Os produtores de abacate no estado mexicano de Michoacan estão sentindo o impacto da decisão dos Estados Unidos de suspender as importações da fruta devido a preocupações de segurança.
Cerca de 20.000 toneladas de abacate, que normalmente seriam exportadas esta semana de Michoacan, ainda estão nas árvores, estima um produtor, o que significa que os fazendeiros não viram um centavo desde que a suspensão entrou em vigor em 11 de fevereiro. Nas fazendas, os agricultores de todo o estado já estimam as perdas em cerca de 1 bilhão de pesos (US$ 50 milhões).
O dinheiro ainda não está completamente perdido. Produtores como Humberto Solorzano, em Michoacan, estão monitorando ansiosamente as notícias, esperando que a proibição seja suspensa a qualquer momento e os abacates comecem a fluir para os EUA novamente.
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A suspensão entrou em vigor depois que um inspetor do Departamento de Agricultura dos EUA disse ter recebido uma ligação ameaçadora em seu celular. A associação de produtores de abacate do México, APEAM, se reuniu com várias autoridades dos EUA e locais para revisar as medidas e protocolos de segurança. Mas na quinta-feira o USDA disse está mantendo a proibição até que haja garantias de que a vida dos funcionários não está em risco.
“Já estamos vendo empacotadores e colhedores pedindo dinheiro na rua porque ganham por dia, e não foram pagos esta semana”, disse Solorzano. “A indústria é uma das maiores geradoras de empregos do estado, não há outra que consiga absorver todos esses trabalhadores.”
Michoacan é, pelo menos por enquanto, a única região mexicana com permissão para exportar abacates para os EUA, e é responsável por suprir 80% da demanda americana pela fruta. Nos últimos anos, o estado costeiro, que fica a oeste da Cidade do México, foi apanhado em uma guerra brutal entre cartéis que se infiltraram no lucrativo comércio de abacate.
Os produtores tentarão manter os abacates nas árvores o máximo que puderem, disse Solorzano. Dependendo da altitude de cada fazenda, isso pode ser até o final da estação, em julho. Mas outros não terão tanta sorte e terão de começar a colher nas próximas semanas. Alguns abacates já estão caindo das árvores, maduros demais para serem exportados. Em abril ou maio, muitas das fazendas que ficam em terrenos mais baixos podem perder cerca de metade de sua produção, disse ele.
Outros produtores, como Peru ou Colômbia, podem ajudar a preencher parte do vazio deixado no mercado norte-americano pela suspensão, disse Solorzano. Mas sua produção está longe de ser suficiente para cobrir a demanda do país.
“Não somos culpados pela insegurança do estado”, disse ele durante entrevista em Michoacan. “Também precisamos de proteção, também somos as vítimas aqui.”
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