Bloomberg — Apesar do desgaste entre a ala política do governo e a equipe econômica, aliados do ministro Paulo Guedes afirmam que o presidente Jair Bolsonaro adotará um discurso liberal que agrade aos ouvidos do mercado financeiro na campanha pela reeleição. Segundo interlocutores da pasta, a eleição é econômica e a opinião de Guedes ainda tem peso, ainda que cada dia menor, nas decisões do presidente.
Guedes tem dito a Bolsonaro que ele precisa fazer o aceno à agenda de reformas e privatizações para se reeleger. Se for assim, o ministro estaria disposto a partir com ele para mais um mandato. Isso, claro, depende do dia da semana em que Guedes é indagado sobre o tema. Tem dia em que o ministro diz que fica até o final e tem dia em que ele quer jogar tudo para o alto.
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A ala política, por sua vez, segue em busca de um nome para o comando da Economia para uma eventual reeleição de Bolsonaro. O principal problema de Guedes, afirmam integrantes do entorno do presidente, é que o ministro é inflexível na defesa de sua agenda.
A tarefa de achar um substituto, no entanto, não está fácil. As pressões para que o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, assuma a pasta continuam, mas o Planalto sabe que essa é uma possibilidade muito remota. Como primeiro chefe do BC com autonomia assegurada por lei, Campos Neto quer cumprir sua missão até o final.
Eletrobras
A equipe econômica espera concluir a privatização da Eletrobras até maio, mas quem acompanha o assunto de perto dentro da estatal afirma que esse cenário é quase impossível. A aprovação da outorga que será paga na venda da estatal pelo Tribunal de Contas da União (TCU) na última terça-feira foi comemorada pelo governo, mas ainda é apenas um passo do processo.
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A corte de contas ainda vai ter que analisar a modelagem da operação da Eletrobras. Isso envolverá, entre outras coisas, o valor da ação da empresa, a composição societária e os destinos da Eletronuclear e de Itaipu. O debate será bem mais tenso, afirma uma pessoa com conhecimento do assunto. Assim, a janela mais provável para a operação será o final de julho ou início de agosto.
Ajuda
Guedes tem pedido a ex-integrantes de sua equipe que hoje estão ou transitam bem no mercado financeiro que ressaltem os avanços fiscais do país. O ministro tem demonstrado incômodo com o que ele considera uma falta de reconhecimento público dos esforços do governo no combate à pandemia e da melhora dos indicadores fiscais de 2020 para 2021.
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