Avenue vai dar acesso a criptomoedas em dólar para brasileiros

Empresa vai trabalhar com oito provedores de liquidez e preços até 8% inferiores aos oferecidos em reais no Brasil

“Esse é, sem sombra de dúvida, o projeto com a maior demanda de nossos clientes”, disse Roberto Lee, presidente e fundador da Avenue
Por Cristiane Lucchesi
18 de Fevereiro, 2022 | 09:00 AM

Bloomberg — A Avenue Securities, corretora com sede em Miami especializada em atender brasileiros que investem nos Estados Unidos, planeja começar a negociar criptomoedas no próximo mês.

“Esse é, sem sombra de dúvida, o projeto com a maior demanda de nossos clientes”, disse Roberto Lee, presidente e fundador da Avenue, em entrevista. “Nossas pesquisas mostram que cerca de 15% de nossos quase 500.000 clientes começarão a negociar criptomoedas no primeiro dia em que oferecermos o serviço.”

Fundada em 2018, a Avenue tornou-se totalmente operacional como corretora em dezembro de 2019, oferecendo investimentos digitais para a classe média e ricos brasileiros, incluindo fundos de terceiros e serviços de corretagem de ações nos Estados Unidos. A empresa triplicou o número de funcionários nos últimos 12 meses, chegando a um total de 300.

Os concorrentes estão fazendo movimentos semelhantes. O Bradesco (BBDC4), o segundo maior banco do Brasil em valor de mercado, disse em dezembro que formou uma parceria com a fintech BCP Global, com sede em Miami, para oferecer investimentos digitais para brasileiros de classe média alta e ricos.

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“Provavelmente o que veremos em 2022 é a chegada de grandes concorrentes brasileiros ao nosso negócio, e vamos responder a isso ficando ainda mais completos, oferecendo não apenas uma conta bancária nos EUA, mas também cada vez mais produtos”, disse Lee.

Um desses produtos será a negociação sem taxas de corretagem de até 40 criptomoedas em dólar, 24 horas por dia, de acordo com Lee. A empresa vai trabalhar com oito provedores de liquidez, que Lee preferiu não nomear, com preços até 8% inferiores aos oferecidos em reais nos mercados locais do Brasil.

“O volume de negociação de criptomoedas em reais ainda é muito pequeno em relação ao volume em dólar, e isso faz diferença na formação de preços”, disse. “As pessoas realmente verão a diferença.”

A ideia é também oferecer no futuro os chamados NTFs, ou tokens não-fungíveis, bem como o chamado “staking” de criptomoedas, nos quais um investidor obtém uma renda passiva usando certas criptomoedas para ajudar a verificar transações em uma rede de blockchain.

Um sinal de quão grande é a demanda por ativos de blockchain na Avenue: em 14 de abril passado, quando a bolsa de criptomoedas americana Coinbase fez sua oferta inicial de ações, a Avenue abriu 4.000 contas em um só dia, um número recorde, com os investidores querendo comprar o papel.

Um dos primeiros investidores da Avenue foi a Vectis Partners Holding SA, que continua a deter uma participação. Sócios da Vectis incluem Paulo Lemann, filho do bilionário Jorge Paulo Lemann; Alexandre Aoude, ex-presidente do Deutsche Bank AG no Brasil; e Patrick O’Grady, ex-sócio da XP. Em agosto, a Avenue recebeu uma segunda rodada de investimentos de US$ 30 milhões liderada pelo Latin America Fund do SoftBank.

A Avenue é a terceira corretora que Lee ajudou a fundar. Começou com a WinTrade, uma das primeiras empresas online a atender clientes de varejo no Brasil. Em 2010, ele co-fundou a Clear, que foi comprada em 2014 pela XP, a maior corretora do Brasil.

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