Bloomberg Línea — O novo presidente da Fiesp (Federação das Indústrias de São Paulo), Josué Gomes da Silva, não quer ser identificado com nenhum dos políticos em disputa nas eleições deste ano. Filho do ex-vice-presidente José Alencar, Gomes disse, em café da manhã com jornalistas nesta quinta-feira (17), que quer estar próximo do governo independentemente de quem saia vencedor em outubro.
“A Fiesp tem que estar próxima de qualquer governo. É apolítica. O partido é a indústria. Autoridade é autoridade, e a partir do momento que foi eleita, tem que ser respeitada”, disse. “O povo é soberano.”
Gomes, que é presidente da Coteminas e já esteve à frente de outras entidades de classe empresariais, acredita que seu papel no comando da Fiesp é “produzir consensos”.
“O mundo hoje vive um momento de reindustrialização”, afirmou. “Temos que ser mais agressivos na conquista de mercados externos para exportar produtos de maior valor agregado, e isso depende de uma política industrial. E política industrial não é subsídio, não é protecionismo. É o Estado indutor de crescimento, que planeja o desenvolvimento.”
Segundo ele, “o Brasil está num ponto de inflexão”. “Nos últimos 40 anos, o país que mais cresceu nos primeiros 80 anos do século XX parou de crescer. Em quatro décadas, perdemos três. O papel da indústria está sendo discutido em todos os países do mundo, e a indústria de transformação é muito importante para o Brasil. Estamos vivendo um novo momento, de preocupação em se reindustrializar”, discursou.
Gomes estabeleceu que uma de suas metas é ajudar até 40 mil pequenas e médias indústrias a aumentar a produtividade e crescer, “alcançando um maior nível de maturidade”.
Agenda Fiesp
A gestão de Josué Gomes é vista como uma mudança em relação à de seu antecessor, Paulo Skaf. Enquanto Skaf, candidato a governador de São Paulo algumas vezes, apostava numa política de busca por incentivos fiscais para o setor, Gomes acredita que o caminho é “uma reforma tributária que reduza impostos de maneira horizontal, para todos os setores”.
Durante o encontro com jornalistas na manhã de hoje, ele disse que a indústria de transformação é o setor que mais paga impostos no Brasil, e que isso precisa ser reequilibrado.
“Não posso querer diminuir a carga tributária de um setor aumentando a de outro. Por isso é preciso pôr em prática experiências internacionais que já deram certo. Já passamos do ponto de equilíbrio e é preciso uma rebaixa nos impostos. Autoridades precisam acreditar nisso. Conversei com Paulo Guedes [ministro da Economia] e ele entende essa necessidade. Mas ele quer agora baixar o IPI. Claro que sou a favor, mas esse não é o melhor caminho”, disse.
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