Mercado se retrai ante incertezas geopolíticas e expectativas sobre juros

Embate Rússia x Ucrânia dá o tom às bolsas da Europa e aos futuros nos EUA, onde predomina a queda; fala de membros de bancos centrais também está no radar

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Barcelona, Espanha — A maioria das bolsas europeias e os futuros de índices nos Estados Unidos trabalham no vermelho esta manhã. A geopolítica volta à cena como a principal variável de análise dos mercados. Além disso, embora a ata do Federal Reserve (Fed) não tenha trazido novidades com respeito à atuação do banco central dos EUA, o tema ‘política monetária’ continua quente e imperativo para os mercados.

Na renda variável, os papéis da Nvidia Corp. caíam nas operações prévias à abertura do mercado norte-americano. A empresa, que no início deste mês desistiu de adquirir a Arm Ltd. por US$ 40 bilhões, não conseguiu impressionar os investidores com sua última previsão, um sinal das elevadas expectativas para o mais valioso fabricante de chips dos EUA.

Houve alguns pontos fracos no balanço da Nvidia no último trimestre. As vendas dos chips automotivos da Nvidia foram menores do que o previsto. E sua margem bruta ajustada ficou em 67% - tímida dos 67,1% estimados pelos analistas e abaixo do que alguns fabricantes de chips relataram recentemente.

Na Europa, as ações da Nestlé SA retrocediam após a empresa avisar que sua lucratividade pode se reduzir pelo segundo ano seguido.

O petróleo, em queda pronunciada, está abaixo dos US$ 92 por barril. A commodity tem sido prejudicada pela perspectiva de uma retomada das exportações oficiais iranianas, caso as conversas diplomáticas conduzam a um acordo nuclear. Também tem sido afetada pelas preocupações em torno do fornecimento em um cenário de embate entre Rússia e Ucrânia. Em reação a este cenário, os preços do gás natural europeu aumentavam após dois dias de queda.

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🗞️ No news, good news

A minuta da reunião de política monetária do Fed, apresentada ontem, veio sem surpresas, o que supôs uma boa notícia para muitos e até ajudou no fechamento das bolsas.

Permanece a percepção de que “em breve” o Fed deverá começar a subir os juros, como foi indicado pelo próprio banco central. Controlar a inflação se tornou sua prioridade. Os analistas esperam pelo menos 150 pontos base de aperto monetário do Fed em 2022 - acima dos 75 pontos base de apenas algumas semanas atrás.

Sobre o plano para redução de seu balanço patrimonial, que consistiria em não renovar a dívida em vencimento, não foram fornecidas novas pistas. Atualmente, o balanço do Fed está no nível recorde de US$ 8,9 trilhões.

🏦 Os BCs têm a palavra

Contudo, esta semana termina com vários pronunciamentos de lideranças de bancos centrais mundiais, o que poderia trazer algum ruído ao mercado financeiro. Além disso, hoje o Banco Central Europeu (BCE) divulga seu boletim econômico, um elemento mais para os investidores traçarem suas conjeturas sobre o trinômio Economia + Inflação + Taxas de juros.

🧐 Sim ou não?

A geoestratégia envolvendo Rússia, Ucrânia e as principais lideranças mundiais continua gerando contradições e incertezas. Os Estados Unidos informaram que até 7 mil soldados russos foram adicionados aos mais de 100 mil já próximos às fronteiras com a Ucrânia, refutando as declarações russas de que teriam começado a retirar algumas das tropas do local. O Kremlin nega a informação.

🟢 As bolsas ontem: Dow (-0,16%), S&P 500 (+0,09%), Nasdaq (-0,11%), Stoxx 600 (+0,04%), Ibovespa (+0,31%)

As bolsas norte-americanas frearam o ritmo de queda em uma sessão bastante volátil. A ata do Fed, que não produziu surpresas nem sobressaltos, ajudou a melhorar o apetite por risco. Por outro lado, notícias contraditórias sobre a retirada das tropas russas da fronteira ucraniana lançaram nova onda de incertezas.

Na agenda

Esta é a agenda prevista para hoje:

• EUA: Construção de Casas Novas, Licenças de Construção/Jan, Pedidos semanais iniciais de Seguro-Desemprego, Estoque de Gás Natural

• Europa: Boletim econômico do Banco Central Europeu; Espanha (Balança Comercial)

• Japão: IPC Nacional (Jan)

• Bancos centrais: Discursos da presidente do Fed de Cleveland, Loretta Mester, e do presidente do Fed de St. Louis, James Bullard. Grupo de 20 ministros das finanças e governadores de bancos centrais se reúnem online e presencialmente na Indonésia 

• Balanços do dia: Walmart, Airbus, Nestlé, Alibaba, Repsol, entre outros

• Na América Latina: Brasil (Reunião do Conselho Monetário Nacional - CMN); Colômbia (governo lança linha de crédito para o agronegócio)

📌 E para amanhã:

• Termina a reunião G-20 de ministros e dirigentes de bancos centrais

• Fórum de Política Monetária dos EUA: palestrantes incluindo funcionários do Fed Charles Evans, Christopher Waller e Lael Brainard

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-- Com informações de Bloomberg News