‘Animação cautelosa’ com a bolsa

Também no Breakfast: Mercado se retrai ante incertezas geopolíticas e expectativas sobre juros; Ocidente age com cautela após alegações russas e Guardiões da economia mundial falam sobre covid, inflação e impostos

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Bom dia! Este é o Breakfast - o seu primeiro gole de notícias. Uma seleção da Bloomberg Línea com os temas de destaque no mundo dos negócios e das finanças.

Com um ambiente de maior aversão ao risco, pautado nas tensões externas, risco fiscal e eleições no Brasil no horizonte próximo, investidores têm optado por se manter cautelosos em suas apostas na renda variável.

Isso porque, embora as perspectivas sejam de alta para a bolsa, gestores têm ampliado as proteções na carteira de forma a evitar eventuais perdas à frente. É o que mostra pesquisa do Bank of America (BAC) com gestores de recursos divulgada esta semana.

Segundo o levantamento referente a fevereiro, cresceu de 32% para 57% o percentual de investidores que veem o Ibovespa (IBOV) encerrando o ano negociado acima dos 120 mil pontos. A estimativa implica potencial de alta de 4,5% para o índice ante o fechamento do pregão de terça-feira (15).

Com os olhares nas eleições, contudo, metade dos participantes da pesquisa disseram incluir proteções ao portfólio e apenas 23% estão adicionando mais exposição ao risco.

• Leia mais: Gestores veem Ibovespa em 120 mil, mas ampliam hedge contra eleição

Na trilha dos Mercados

A geopolítica volta à cena como a principal variável de análise dos mercados. Porém, passada a divulgação da ata do Federal Reserve (Fed), isso não quer dizer que a política monetária perdeu importância. Ao contrário, o tema continua quente e imperativo para os mercados.

🗞️ No news, good news

A minuta da reunião de política monetária do Fed, apresentada ontem, veio sem surpresas, o que supôs uma boa notícia para muitos e até ajudou no fechamento das bolsas.

Permanece a percepção de que “em breve” o Fed deverá começar a subir os juros, como foi indicado pelo próprio banco central. Controlar a inflação se tornou sua prioridade. Sobre o plano para redução de seu balanço patrimonial, que consistiria em não renovar a dívida em vencimento, não foram fornecidas novas pistas. Atualmente, o balanço do Fed está no nível recorde de US$ 8,9 trilhões.

🏦 Os BCs têm a palavra

Contudo, esta semana termina com vários pronunciamentos de lideranças de bancos centrais mundiais, o que poderia trazer algum ruído ao mercado financeiro. Além disso, hoje o Banco Central Europeu (BCE) divulga seu boletim econômico, um elemento mais para os investidores traçarem suas conjeturas sobre o trinômio Economia + Inflação + Taxas de juros.

🧐 Sim ou não?

A geoestratégia envolvendo Rússia, Ucrânia e as principais lideranças mundiais continua gerando contradições e incertezas. Os Estados Unidos informaram que até 7 mil soldados russos foram adicionados aos mais de 100 mil já próximos às fronteiras com a Ucrânia, refutando as declarações russas de que teriam começado a retirar algumas das tropas do local. O Kremlin nega a informação.

🟢 As bolsas ontem: Dow (-0,16%), S&P 500 (+0,09%), Nasdaq (-0,11%), Stoxx 600 (+0,04%), Ibovespa (+0,31%)

As bolsas norte-americanas frearam o ritmo de queda em uma sessão bastante volátil. A ata do Fed, que não produziu surpresas nem sobressaltos, ajudou a melhorar o apetite por risco. Por outro lado, notícias contraditórias sobre a retirada das tropas russas da fronteira ucraniana lançaram nova onda de incertezas.

No radar

Esta é a agenda prevista para hoje:

• EUA: Construção de Casas Novas, Licenças de Construção/Jan, Pedidos semanais iniciais de Seguro-Desemprego, Estoque de Gás Natural

• Europa: Boletim econômico do Banco Central Europeu; Espanha (Balança Comercial)

• Japão: IPC Nacional (Jan)

• Bancos centrais: Discursos da presidente do Fed de Cleveland, Loretta Mester, e do presidente do Fed de St. Louis, James Bullard. Grupo de 20 ministros das finanças e governadores de bancos centrais se reúnem online e presencialmente na Indonésia 

• Balanços do dia: Walmart, Airbus, Nestlé, Alibaba, Repsol, entre outros

• Na América Latina: Brasil (Reunião do Conselho Monetário Nacional - CMN); Colômbia (governo lança linha de crédito para o agronegócio)

📌 E para o resto da semana:

• Termina a reunião G-20 de ministros e dirigentes de bancos centrais

• Fórum de Política Monetária dos EUA: palestrantes incluindo funcionários do Fed Charles Evans, Christopher Waller e Lael Brainard

Destaques da Bloomberg Línea

Bolsonaro e Putin anunciam cooperação em sustentabilidade

NBA quer que Nova York mude legislação para permitir jogador não vacinado

Ucrânia: Autoridades ocidentais agem com cautela após alegações russas

Guardiões da economia mundial falam sobre covid, inflação e impostos

Também é importante

• BNDES vende R$ 1,9 bilhão em ações da JBS em bloco: Fontes. O BNDES vendeu 50 milhões de ações da JBS por R$ 37,52 cada em bloco nesta quarta-feira (16), segundo pessoas familiarizadas com o assunto.

BTG quer Esteves à frente do conselho seis anos após crise de reputação. André Esteves, o bilionário fundador da Banco BTG Pactual, tenta recuperar um cargo chave que perdeu há mais de seis anos, quando um escândalo quase derrubou o banco. O BTG pediu aos acionistas que reconduzissem Esteves como presidente do conselho em sua reunião de abril, de acordo com comunicado.

Cotação do petróleo chega a US$ 100 sem indício de pausa na escalada. Esqueça o mercado de futuros, o preço do petróleo mais importante do mundo acabou de ultrapassar US$ 100 o barril, com sinais de que avançará mais. O Brent “datado”, ou “Dated Brent”, o preço das cargas compradas e vendidas no Mar do Norte, chegou a US$ 100,80 o barril nesta quarta-feira (16) pela primeira vez desde 2014, segundo a S&P Global Platts.

• Lula faz apelo a empresários contra privatização da Eletrobras. Líder nas pesquisas de intenção de voto, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) opôs-se publicamente à privatização da Eletrobras. Lula fez um apelo aos “empresários sérios” para que não entrem num processo de privatização da companhia em ano eleitoral.

Opinião Bloomberg

Os mercados não sabem valorizar a paz

É sempre complicado negociar em cenários de guerra em potencial. Avaliar qualquer possível efeito negativo – bem como sua magnitude – nunca é simples. Mas o outro lado também é real. Se a situação da Ucrânia melhorar, não haverá uma reversão organizada das oscilações recentes do mercado. As coisas continuarão complicadas se a Rússia se acalmar.

O que torna o problema particularmente confuso é que os ativos de refúgio óbvios – como o dólar e os títulos do Tesouro dos Estados Unidos de curto prazo – não foram necessariamente positivos para investidores durante a crise. O dólar, o iene e o franco suíço sofreram quedas. O ouro se saiu bem, mas não de forma espetacular, principalmente em comparação com os metais de uso industrial.

Pra não ficar de fora

A Heineken alertou que está enfrentando a pior inflação em uma década e disse que os consumidores podem reduzir o consumo de cerveja, ameaçando a recuperação da pandemia.

🍺  A cervejaria disse que aumentará os preços de sua cerveja em valores “corajosos” para compensar a alta dos custos de matéria-prima e energia e as taxas de envio. É provável que isso prejudique a demanda por cerveja nas famílias já afetadas pelo aumento do custo de aquecimento, alimentos e roupas.

🔴 A Heineken adiou a atualização de seu guidance para 2023 até o final do ano, em meio à crescente incerteza sobre o crescimento econômico e a inflação. É a mais recente empresa de bens de consumo a alertar sobre o impacto do aumento dos preços.

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Edição: Michelly Teixeira | News Editor, Europe

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