Agente autônomo poderá ter investidor do mercado como sócio

Medida ainda precisa ser regulamentada pela CVM, que prevê alterar resolução sobre atividade ainda este ano

CMN flexibiliza regra de agente autônomo de investimento
17 de Fevereiro, 2022 | 08:03 PM

Bloomberg Línea — Os escritórios de agentes autônomos de investimentos poderão se tornar sociedades empresariais e ter investidores do mercado de capitais, como fundos de private equity e de venture capital, como sócios. A mudança, que era longamente esperada pela categoria, foi aprovada nesta quinta-feira em reunião ordinária do CMN (Conselho Monetário Nacional), que flexibilizou a resolução 2838 de 2001 sobre a atividade desses profissionais.

A regra anterior limitava a participação societária nos escritórios de autônomos apenas a profissionais registrados na CVM (Comissão de Valores Mobiliários), impedindo a capitalização dessas empresas, que atuam na distribuição de investimentos como ações, títulos de renda fixa, fundos de investimento e derivativos para pessoa física.

Os escritórios de autônomos funcionam hoje como prepostos de corretoras e de instituições financeiras, que fazem parte do sistema de valores mobiliários. A mudança possibilitará o crescimento desses escritórios, que podem se tornar intermediários finais e atuar de forma independente, concorrendo com as instituições a que estão ligadas.

“A nova possibilidade de organização, sob a forma de sociedade empresárial terá como benefícios a facilidade de captação de recursos para expansão de sócios, diminuição dos problemas de sucessão (herança) e de continuidade das firmas, bem como ganhos de escala concorrenciais, e equidade com outros participantes do mercado, que não enfrentavam as mesmas restrições”, informou o CMN, em nota.

PUBLICIDADE

Segundo o CMN, a mudança na regra veio depois de uma audiência pública lançada pela CVM, na qual a categoria profissional se manifestou favorável à mudança. “É importante destacar que já existem grandes escritórios de agentes autônomos pessoas jurídicas com estrutura profissional e empresarial, sendo que alguns deles transacionam valores superiores a algumas corretoras e distribuidoras. Em audiência pública realizada recentemente pela CVM, essa categoria profissional se manifestou em peso a favor da mudança”, informou.

Para entrar em vigor, a medida precisa agora ser regulamentada pela CVM, que prevê alterar ainda este ano a resolução CVM nº 16, que regulamenta a atividade dos agentes autônomos de investimento. “A edição de norma pela CVM alterando tal resolução consta da agenda regulatória da autarquia para o ano de 2022 e aborda ainda outros temas, como a exclusividade de vínculos com intermediários e a transparência de remuneração na cadeia de distribuição de valores mobiliários”, afirmou o CMN.

Leia também

Desmatamento afeta preço da terra e torna agro do Brasil mais competitivo

Toni Sciarretta

News director da Bloomberg Línea no Brasil. Jornalista com mais de 20 anos de experiência na cobertura diária de finanças, mercados e empresas abertas. Trabalhou no Valor Econômico e na Folha de S.Paulo. Foi bolsista do programa de jornalismo da Universidade de Michigan.