Mercados tentam prever mais transtornos na Ucrânia

Pressões da alta dos preços e o consequente aumento das taxas de juros já afetavam mercados antes dos conflitos na Europa

Apesar das promessas de retirada de tropas por parte de Putin, riscos ainda existem, segundo analistas
Por Sunil Jagtiani
16 de Fevereiro, 2022 | 09:31 AM

Bloomberg — O conflito entre a Rússia e o Ocidente sobre a Ucrânia continua incomodando os mercados à medida que os investidores se protegem contra mais volatilidade.

Mesmo com as ações globais ampliando os ganhos na quarta-feira (16), ativos de refúgio, como o ouro, continuam sendo uma opção. A visão dos Estados Unidos de que o Kremlin ainda poderia enviar tropas para a Ucrânia apagou parte do otimismo gerado pelo anúncio da Rússia de uma retirada parcial das tropas reunidas perto da fronteira ucraniana.

“Não estamos fora de perigo e ainda há riscos”, disse Adrian Zuercher, chefe de alocação de ativos globais do braço de gestão de patrimônio do UBS Group (UBSG34), à Bloomberg Television. Proteger-se contra uma escalada é difícil, mas a exposição ao petróleo e a outras commodities, assim como o iene em relação ao euro, são possibilidades, disse ele.

Os indicadores de volatilidade para o S&P 500 e para o mercado dos títulos dos Treasuries estão significativamente acima das médias de 12 meses, sinal de que os traders permanecem no limite. O índice VIX (VIX) permaneceu acima de 25, em comparação com a média de um ano de 19,6.

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Alívio das tensões na Ucrânia freia ganhos da moeda

Os mercados já estavam cedendo sob a pressão da alta inflação e do aumento das taxas de juros antes de serem confrontados com a possibilidade da maior crise de segurança europeia em décadas. A Rússia negou planejar uma invasão.

“Não tenho certeza se alguém realmente sabe o que está acontecendo”, escreveu Chris Weston, chefe de pesquisa da Pepperstone Financial, em nota. “Suspeito que haverá mais reviravoltas que sugerem que hedges geopolíticos, como o ouro, podem voltar”.

As ações dos EUA encerraram três dias de queda na terça-feira (15), depois que o presidente Vladimir Putin reviveu a demanda por ativos de risco ao dizer que esperava uma solução diplomática.

Petróleo e ouro

O petróleo bruto e o ouro caíram em inércia na quarta-feira, mas permanecem mais altos desde o final da semana passada, quando as preocupações com uma invasão começaram a aumentar.

Na minha experiência, eventos geopolíticos com pouca probabilidade de ocorrer geralmente causam apenas uma queda correlacionada”, escreveu Amy Wu Silverman, estrategista de derivativos de ações da RBC Capital Markets, em nota.

Ela afirmou que a proteção contra perdas por meio de derivativos nos fundos negociados em bolsa iShares China Large-Cap (FX) e o SPDR S&P 500 (SPY) poderia oferecer hedges relativamente baratos.

Estrategistas do Barclays (B1CS34), incluindo Emmanuel Cau, indicaram que “as reduções anteriores devido a conflitos militares foram de curta duração” e aconselharam os investidores a manter o curso.

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Se as tensões na Ucrânia diminuírem, o foco provavelmente voltará ao aperto potencialmente agressivo da política monetária do Federal Reserve para combater as pressões sobre os preços, pressagiando ainda mais volatilidade.

--Com a colaboração de Joanna Ossinger Abhishek Vishnoi e Michael G. Wilson.

--Este texto foi traduzido por Bianca Carlos, localization specialist da Bloomberg Línea.

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