Bloomberg Línea — O ex-presidente Lula (PT), atual líder nas pesquisas da sucessão presidencial, recusou um convite do BTG Pactual (BPAC11) para participar de um evento com outros quatro presidenciáveis, justificando que ainda não teve a candidatura oficializada. Na próxima semana (dias 22 e 23), o BTG Pactual promove o CEO Conference, um “debate entre personalidades da política, economia e tecnologia sobre transformações e decisões que impactarão o futuro”, como apresenta o banco. Este será o primeiro evento que a instituição financeira pretende realizar neste ano, abordando questões do cenário eleitoral.
“Nós convidamos os cinco principais candidatos. Todos, com exceção do Lula, confirmaram a presença. O Lula soltou uma nota - como ele não é candidato oficial ainda, ele não iria participar”, respondeu o CEO do BTG Pactual, Roberto Sallouti, à pergunta de Bloomberg Línea, sobre como o banco de investimentos vai acompanhar as eleições deste ano, durante uma teleconferência nesta tarde com jornalistas para comentar o balanço de 2021.
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Pesquisa nacional do instituto Datafolha, divulgada no último dia 16 de dezembro, apontou Lula com 48%, Jair Bolsonaro (PL) com 22%, Sergio Moro (Podemos) com 9%, Ciro Gomes (PDT) com 7% e João Doria (PSDB) com 4%.
O futuro presidente do conselho de administração do BTG Pactual, André Esteves, deve participar do encontro com os presidenciáveis como sócio sênior, segundo Sallouti. Somente em abril, haverá assembleia dos acionistas para ratificar o seu retorno ao cargo.
O CEO do BTG Pactual acrescentou que, além de eventos com candidatos, o banco vai divulgar pesquisas de intenção de voto, que serão registradas no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), repetindo a experiência de pleitos anteriores. “Faremos pesquisas, vamos divulgar os resultados e faremos calls”, disse.
Sobre o impacto da eleição para a trajetória dos juros no país no segundo semestre e em 2023, Sallouti falou que “poderá ter algum espaço para uma queda” da taxa caso as expectativas com o cenário eleitoral se mostrem “neutras”, associadas à avaliação de um “Banco Central independente” sobre as projeções do mercado para a inflação (como um IPCA de 3% projetado para 2023 e de 5% a 6% neste ano) e de uma “política econômica responsável”.
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“Sem dúvida, o cenário eleitoral e principalmente a política econômica que vai estar consequentemente impactando o preço do câmbio, o preço da curva de juros, as expectativas fiscais, expectativas de política econômica vai acabar impactando a decisão dos juros. Na nossa visão, qualquer que seja o candidato, a racionalidade e a boa política econômica vão estar sempre na pauta”, afirmou o executivo.
A taxa Selic está hoje em 10,75% ao ano. O BTG trabalha com um cenário base de Selic a 12,50% ao ano no fim do ciclo de elevação da taxa, com uma expectativa mais provável de início de um movimento de redução em 2023, considerando como princípio um cenário eleitoral com expectativa neutra do mercado. “Se for melhor ou pior, claramente isso também vai mexer com as expectativas dos juros”, disse Sallouti.
Mercado imobiliário
Durante a teleconferência, o CEO do BTG Pactual também adiantou que o banco vai estrear em financiamento imobiliário “nos próximos trimestres”. Não será por meio do Banco Pan, controlado pelo BTG, mas com “outros players” do mercado, sem revelar os nomes. Novos produtos de crédito para pessoas físicas também estão no pipeline da instituição.
Ele espera que a área de IB (investment banking) busque compensar a desaceleração das atividades do mercado de capitais (expectativa de mais follow-on do que IPO neste ano) com remunerações por operações de M&A e emissão de dívida. Na sua avaliação, em um cenário de juros elevados, o mercado seguirá mais seletivo na hora de apostar em ações estreantes.
Sallouti não espera a possíbilidade de uma reversão de provisões no segundo semestre, se o cenário macroeconômico melhorar no caso de um alívio com as preocupações do mercado com juros, inflação e eleição.
Ele falou ainda da expansão internacional do banco, que atua no exterior por meio de instituições financeiras, principalmente corretoras, adquiridas em países da América Latina, como Argentina, Chile, Colômbia, Peru e México. Essas operações internacionais do BTG Pactual ainda respondem por uma fatia pequena das receitas totais do banco (entre 10% e 15%), estimou o executivo.
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