Gestores veem Ibovespa em 120 mil, mas ampliam hedge contra eleição

Pesquisa do Bank of America mostra que metade dos gestores de recursos consultados estão incluindo proteções ao portfólio

Pesquisa do BofA mostra que apenas 23% estão adicionando mais exposição ao risco
16 de Fevereiro, 2022 | 02:32 PM

Bloomberg Línea — Com um ambiente de maior aversão ao risco, pautado nas tensões externas, risco fiscal e eleições no Brasil no horizonte próximo, investidores têm optado por se manter cautelosos em suas apostas na renda variável.

Isso porque, embora as perspectivas sejam de alta para a Bolsa, gestores têm ampliado as proteções na carteira de forma a evitar eventuais perdas à frente. É o que mostra pesquisa do Bank of America (BAC) com gestores de recursos divulgada esta semana.

Segundo o levantamento referente a fevereiro, cresceu, de 32% para 57%, o percentual de investidores que veem o Ibovespa (IBOV) encerrando o ano negociado acima dos 120 mil pontos. A estimativa implica potencial de alta de 4,5% para o índice ante o fechamento do pregão de terça-feira (15).

Há ainda 30% dos entrevistados pelo BofA que veem o principal índice de renda variável da Bolsa brasileira sendo negociado acima dos 130 mil pontos em dezembro, o que implicaria upside da ordem de 13%.

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Com os olhares nas eleições, contudo, metade dos participantes da pesquisa disseram estar incluindo proteções ao portfólio e apenas 23% estão adicionando mais exposição ao risco.

Com relação à Selic, cresceram as apostas de uma taxa básica de juros mais elevada ao fim deste ano. Segundo o BofA, o percentual de entrevistados que veem os juros encerrando dezembro igual ou acima de 12% ao ano subiu de 23%, em janeiro, para cerca de 40% no levantamento deste mês.

Na pesquisa anterior, quase metade dos entrevistados estimavam juros entre 11% e 11,75% ao fim deste ano.

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Já para o crescimento da economia brasileira, metade das apostas recaem sobre estabilidade a expansão de 1% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2022.

América Latina

Na avaliação dos gestores consultados pelo BofA, os maiores riscos para a América Latina recaem sobre o cenário político na região e sobre o aumento das taxas de juros pelo Federal Reserve, o banco central americano.

Mais cautelosos, apenas 20% dos gestores consultados dizem pretender ampliar a exposição a ações nos próximos seis meses, percentual abaixo da média história do levantamento (34%), iniciado em 2018.

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A pesquisa mostra que os níveis de caixa ainda estão acima da média histórica e que o apetite ao risco é baixo, com apenas 13% tomando risco acima do normal.

Entre as maiores posições overweight (acima da média do mercado) estão os setores de energia, financeiras e materiais. Já entre as maiores posições underweight (abaixo da média do mercado) dos gestores na América Latina estão empresas de comunicação, utilities e consumo discricionário.

Por fim, a preferência dos investidores consultados recai sobre empresas consideradas de valor e do segmento de commodities.

O estudo “LatAm Fund Manager Survey”, conduzido pelo Bank of America, foi realizado em fevereiro e contou com a participação de 30 gestores, com cerca de US$ 78 bilhões sob gestão.

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Mariana d'Ávila

Editora assistente na Bloomberg Línea. Jornalista brasileira formada pela Faculdade Cásper Líbero, especializada em investimentos e finanças pessoais e com passagem pela redação do InfoMoney.