Gestores veem Ibovespa em 120 mil, mas ampliam hedge contra eleição

Pesquisa do Bank of America mostra que metade dos gestores de recursos consultados estão incluindo proteções ao portfólio

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Bloomberg Línea — Com um ambiente de maior aversão ao risco, pautado nas tensões externas, risco fiscal e eleições no Brasil no horizonte próximo, investidores têm optado por se manter cautelosos em suas apostas na renda variável.

Isso porque, embora as perspectivas sejam de alta para a Bolsa, gestores têm ampliado as proteções na carteira de forma a evitar eventuais perdas à frente. É o que mostra pesquisa do Bank of America (BAC) com gestores de recursos divulgada esta semana.

Segundo o levantamento referente a fevereiro, cresceu, de 32% para 57%, o percentual de investidores que veem o Ibovespa (IBOV) encerrando o ano negociado acima dos 120 mil pontos. A estimativa implica potencial de alta de 4,5% para o índice ante o fechamento do pregão de terça-feira (15).

Há ainda 30% dos entrevistados pelo BofA que veem o principal índice de renda variável da Bolsa brasileira sendo negociado acima dos 130 mil pontos em dezembro, o que implicaria upside da ordem de 13%.

Com os olhares nas eleições, contudo, metade dos participantes da pesquisa disseram estar incluindo proteções ao portfólio e apenas 23% estão adicionando mais exposição ao risco.

Com relação à Selic, cresceram as apostas de uma taxa básica de juros mais elevada ao fim deste ano. Segundo o BofA, o percentual de entrevistados que veem os juros encerrando dezembro igual ou acima de 12% ao ano subiu de 23%, em janeiro, para cerca de 40% no levantamento deste mês.

Na pesquisa anterior, quase metade dos entrevistados estimavam juros entre 11% e 11,75% ao fim deste ano.

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Já para o crescimento da economia brasileira, metade das apostas recaem sobre estabilidade a expansão de 1% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2022.

América Latina

Na avaliação dos gestores consultados pelo BofA, os maiores riscos para a América Latina recaem sobre o cenário político na região e sobre o aumento das taxas de juros pelo Federal Reserve, o banco central americano.

Mais cautelosos, apenas 20% dos gestores consultados dizem pretender ampliar a exposição a ações nos próximos seis meses, percentual abaixo da média história do levantamento (34%), iniciado em 2018.

A pesquisa mostra que os níveis de caixa ainda estão acima da média histórica e que o apetite ao risco é baixo, com apenas 13% tomando risco acima do normal.

Entre as maiores posições overweight (acima da média do mercado) estão os setores de energia, financeiras e materiais. Já entre as maiores posições underweight (abaixo da média do mercado) dos gestores na América Latina estão empresas de comunicação, utilities e consumo discricionário.

Por fim, a preferência dos investidores consultados recai sobre empresas consideradas de valor e do segmento de commodities.

O estudo “LatAm Fund Manager Survey”, conduzido pelo Bank of America, foi realizado em fevereiro e contou com a participação de 30 gestores, com cerca de US$ 78 bilhões sob gestão.

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