Bloomberg — Diante da perspectiva de aperto monetário nos Estados Unidos, o nível de pessimismo dos gestores de fundos com as ações de tecnologia é o maior em quase 16 anos, segundo pesquisa do Bank of America.
A alocação líquida para o setor de tecnologia é a menor desde agosto de 2006, de acordo com a sondagem realizada entre os dias 4 e 10 de fevereiro.
A maioria dos participantes enviou respostas antes da divulgação, na quinta-feira, do relatório mostrando a escalada da inflação nos EUA, que levou o mercado a precificar sete aumentos na taxa básica de juros pelo Federal Reserve em 2022.
Enquanto o Fed se prepara para combater a alta dos preços, investidores apreensivos vêm reduzindo rapidamente as apostas em ações com perfil de crescimento, que turbinaram a alta do S&P 500 na última década. Juros maiores prejudicam ações mais caras, como as de tecnologia, que são avaliadas conforme as expectativas de crescimento futuro.
A pesquisa mostrou que o posicionamento de carteiras em ações de tecnologia dos EUA ainda é o mais congestionado. Essa tendência se mantém há mais de dois anos, mas o grau de convicção no setor está diminuindo, recuando de 39% em janeiro para 28% em fevereiro.
Segundo estrategistas do BofA liderados por Michael Hartnett, a alocação geral em renda variável caiu drasticamente. Entre os clientes, menos de um terço está otimista com o mercado acionário, comparado a mais de metade no levantamento de janeiro. Aplicações em instrumentos de altíssima liquidez (cash) formam a classe de ativos favorita, com alocação líquida de 38%.
Pelo terceiro mês seguido, a postura agressiva dos bancos centrais foi citada como maior risco extremo, seguida por inflação e bolhas nos preços dos ativos. O conflito entre Rússia e Ucrânia ficou em quinto lugar.
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A previsão dos investidores é que o Fed só entrará em cena com medidas de apoio (estratégia conhecida como “Fed put”) depois que o S&P 500 cair para 3.700 pontos. O índice fechou em 4.400 na segunda-feira.
Participaram da pesquisa global 314 gestores de fundos com US$ 1 trilhão em ativos sob gestão. A sondagem também chegou às seguintes conclusões:
- Os níveis de caixa subiram para 5,3%, a parcela mais elevada desde maio de 2020
- Cerca de 30% dos investidores participantes esperam um bear market para as ações em 2022, motivado por temores em relação à alta dos juros e ao menor crescimento econômico
- As condições de liquidez se deterioraram para o menor patamar desde maio de 2020
- Investidores estão comprados em papéis de bancos, commodities e ações da Zona do Euro, enquanto evitam títulos de renda fixa, ativos dos EUA e o setor de tecnologia
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