A Trace Finance, fintech de câmbio para startups, recebeu US$ 4,3 milhões da HOF Capital, fundo que investe de Seed ao IPO. A HOF Capital já investiu na Stripe, Klarna, SpaceX, Uber, Alibaba e tem mais de 25 unicórnios no portfólio.
O Seed teve quatro vezes mais demanda do que o aporte comportava, com mais de 30 fundos e investidores. A rodada também trouxe nomes como a Circle Ventures e o duo eletrônico The Chainsmokers por meio do fundo Mantis Ventures, além da 2TM, holding do Mercado Bitcoin, Blockfi Ventures e seu CEO Zac Prince, Marcelo Sampaio da Hashdex, Miguel Fernandez da Capchase, além de fundadores da Rappi, Coinmarketcap e Quantstamp.
Os recursos serão aplicados em contratações e expandir a solução bancária para startups no Brasil e Estados Unidos. “Para empresas em estágio inicial, o talento é o ativo mais importante. Os primeiros 10 que você trouxer vão trazer os próximos 20 funcionários, e assim vai. Esse efeito de rede é importante, se você contratar 10 pessoas erradas de início pode acabar quebrando seu negócio. É uma coisa que a gente se atentou muito, por isso temos pessoas que têm experiência trabalhando com a Apple, Spotify, Creditas, Gympass, Caju”, explica o CEO e cofundador da Trace Finance, Bernardo Brites. Hoje, a empresa tem 10 pessoas no time e pretende terminar o ano com 25 funcionários.
Outra parte do recurso será aplicada em licenças locais, como o pedido para se tornar uma SCD (Sociedade de Crédito Direto) para o Banco Central, além de aquisição de usuários.
Brites tem um histórico em finanças e criptomoedas. Tudo começou em 2017, quando ele queria comprar uma criptomoeda que não aceitava mais sign-ups. Foi atrás da moeda Decred perguntando qual era o plano para que a moeda estivesse disponível em bolsas como Binance e Coinbase. A resposta da Decred foi de que as exchanges cobravam muito. Mas Brites queria tanto comprar a moeda que foi conversar com as exchanges e em duas semanas conseguiu três novas bolsas para comercializar a moeda. A empresa então o contratou, quando ele ainda não tinha 18 anos, como Head of Partnerships.
Brites trancou a faculdade para viajar pelo mundo apresentando a moeda e conheceu fundadores de criptomoedas e pessoas do mercado. Depois, ele começou a trabalhar como Head of Partnerships na Transfero, de serviços financeiros usando Blockchain, onde conheceu Rafael Luz, que viraria seu sócio e COO da Trace Finance. Em 2019, ele conheceu seu segundo sócio em Berlim, Leone Parise, que trabalhava na Binance e depois seria CTO da Trace.
Fundada em 2021, o primeiro cliente da empresa foi a startup The Coffee. O negócio da Trace começou focando em exportação e importação, quando a empresa operou a importação do matchá do Japão para The Coffee. “Foi quando eles falaram que precisavam fazer um aporte e perguntavam se a gente fazia. Fizemos em dois dias. Estudamos mais, fizemos outros, e pensamos que fazia sentido focar em câmbio para startups”, explica Brites.
A Trace promete fazer transações de câmbio para startups de forma mais rápida (em até dois dias ao invés de meses) e mais barata do que o Silicon Valley Bank, opção hoje usada por startups brasileiras, que, para receber um aporte de fundo internacional, têm que ter uma estrutura legal nas Ilhas Cayman, nos Estados Unidos e no Brasil. A startup promete reduzir a comissão das transações de câmbio de 4% para 0,2%.
O ecossistema para empreendedores da América Latina Latitud recentemente lançou a plataforma Latitud Go, que substitui a contratação de advogados para a criação dessa estrutura internacional da startup para receber aportes globais. Além do processo de abertura e regulamentação do negócio, o Latitud Go pretende garantir para as startups ferramentas e serviços como contas bancárias e softwares de gestão. “Acho que tudo que você tem para startup hoje, se o final não for fintech, está fazendo errado”, afirma Brites. Hoje, a Trace já tem como clientes, além do The Coffee, a Zippi, Pomelo, Condoconta, Cobli e Big Bets. Em menos de três meses de operação, a empresa já tinha transacionado mais de R$ 150 milhões.
A Trace espera lançar produtos de serviços financeiros e contas digitais internacionais para startups no segundo trimestre. “Vamos ter toda essa parte da conta lá fora e a conta no Brasil, o que vai permitir com que a gente faça vários produtos que não existem para as startups do Brasil. Eventualmente podemos até fazer uma expansão para México, Argentina, Colômbia, porque a gente vê essa dor da startup estar operando no Brasil e demorar três meses para conseguir abrir uma conta bancária no México”, diz o CEO.
Leia também: