Bolsa sobe com mercados globais apostando no risco após alívio na Rússia

Ativos tradicionalmente tidos como proteção, como o ouro, recuam na sessão de hoje, enquanto traders buscam a tomada de risco

À medida que as tensões na Ucrânia e as apostas de aumento de juros nos EUA agitam os mercados globais, os investidores estão voltando à prancheta para procurar o próximo grande negócio
15 de Fevereiro, 2022 | 10:47 AM

Bloomberg Línea — Com a notícia de que as tropas russas estariam retornando às bases, e portanto gerando um alívio nas tensões geopolíticas, os mercados acionários globais estão apostando no risco na manhã desta terça-feira (15), e deixando os ativos de proteção de lado.

A Rússia anunciou o início de uma retirada de algumas forças após exercícios que dispararam o alarme dos Estados Unidos e da Europa sobre um possível ataque militar à Ucrânia.

Veja mais: Rússia diz que algumas tropas estão retornando à base após exercícios

Os mercados se recuperaram com as notícias da retirada, já que os investidores consideraram a medida um sinal positivo de uma possível redução da escalada pela Rússia em meio a um grande impulso diplomático após semanas de alertas dos EUA e da Europa sobre os riscos de um conflito. O Kremlin negou consistentemente que planeja um ataque e o presidente Vladimir Putin endossou a continuidade da diplomacia com o Ocidente em conversas com seu ministro das Relações Exteriores na segunda-feira.

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Ativos tradicionalmente tidos como proteção, como o ouro, recuam na sessão de hoje, enquanto traders buscam a tomada de risco.

  • Perto das 10h40, o Ibovespa (IBOV) subia 0,31%, a 114.254 pontos
  • A ação do Banco do Brasil (BBAS3) estava entre os maiores pesos positivos do índice, após registrar um aumento no lucro do terceiro trimestre
  • O dólar caía 0,43%, a R$ 5,20, assim como os vencimentos dos juros. O DI para janeiro de 2023 recuava de 12,480% para 12,360%
  • Nos EUA, o futuro do Dow Jones subia 1%, o do S&P 500, 1,27%, e do Nasdaq, 1,75%

Contexto

À medida que as tensões na Ucrânia e as apostas de aumento de juros nos Estados Unidos agitam os mercados globais, os investidores estão voltando à prancheta para procurar o próximo grande negócio.

Para Kellie Wood, gestora de recursos da Schroders Plc em Sydney, títulos do Tesouro de longo prazo são a aposta mais clara, pois oferecem um refúgio contra os riscos russos e possíveis erros na política monetária. O Citigroup mudou para uma posição de overweight em títulos soberanos dos EUA de cinco anos, enquanto o fundo de hedge K2 Asset Management vê oportunidades em ações europeias vendidas.

Os ativos de proteção caem acentuadamente nesta terça-feira (15), quando a Rússia anunciou que estava retirando algumas tropas após concluir os exercícios, elevando o rendimento do Tesouro dos EUA de 10 anos acima do limite psicológico importante de 2%. O índice caiu para 1,91% na sexta-feira, depois que os EUA alertaram que a ação militar da Rússia era iminente, estimulando uma corrida por títulos governamentais seguros.

Embora a aversão ao risco tenha impulsionado o interesse em títulos do Tesouro, isso não impediu que os títulos dos EUA registrassem seu pior início de ano em mais de quatro décadas, à medida que aumentavam as expectativas de aumento dos custos de empréstimos.

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Kariny Leal

Jornalista carioca, formada pela UFRJ, especializada em cobertura econômica e em tempo real, com passagens pela Bloomberg News e Forbes Brasil. Kariny cobre o mercado financeiro e a economia brasileira para a Bloomberg Línea.