Ucrânia: Como conflito afeta preços de energia, alimentos e metais

Crise gera efeito efeito borboleta, causando uma espiral ascendente nos preços das comanditeis

Crise na Ucrânia pressiona preços de energia
Por Isis Almeida - Mark Burton e Megan Durisin
14 de Fevereiro, 2022 | 12:12 PM

Bloomberg — A tensão com a Ucrânia entrou em um período crítico, elevando os preços das matérias-primas essenciais para a economia global e intensificando a pressão sobre governos que já enfrentam a escalada da inflação.

Os EUA alertaram que a Rússia pode atacar o país vizinho esta semana, embora Moscou negue repetidamente que tenha planos de invasão. Os mercados operam no limite há semanas. Um conflito real ou sanções contra a Rússia podem aumentar ainda mais os preços de alimentos e energia e empurrar a Europa para uma grande crise de abastecimento.

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Essa crise “poderia gerar um efeito borboleta, causando uma espiral ascendente nos preços das commodities à medida que os problemas de oferta se multiplicam”, escreveram analistas da Bloomberg Intelligence em relatório. “As sanções podem levar à escassez de alimentos e energia, causando a disparada desses preços.”

Estas são algumas potenciais consequências para os mercados das principais matérias-primas.

Gás atingido

Um dos maiores impactos até agora é observado nos mercados de gás da Europa. As tensões geopolíticas amplificam questões com suprimentos já restritos da Rússia e estoques abaixo da média. Os preços na região se multiplicaram quase cinco vezes no último ano.

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Um conflito pleno poderia interromper o escoamento de enormes volumes da Rússia para a Europa. Um terço desse fluxo cruza a Ucrânia. Sanções podem afetar o comércio e impedir que o novo gasoduto Nord Stream 2 traga gás russo para a Europa.

Tudo isso pode ter enorme impacto no reabastecimento de estoques durante o verão, dificultando também o próximo inverno. Os preços podem subir ainda mais e abalar a economia europeia. A Rússia perderia uma receita gigantesca.

Alimentos e fertilizantes em risco

Preços ainda mais altos dos alimentos podem ser uma das consequências mais dolorosas. Ucrânia e Rússia são importantes produtoras de trigo, milho e óleo de girassol. Compradores na Ásia, África e Oriente Médio podem enfrentar o encarecimento de itens básicos como pão e carne se o fornecimento for interrompido. Os custos de commodities agrícolas já são os mais altos em uma década.

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Nações como Egito e Turquia dependem da agricultura dos países do Mar Negro. Até agora, as cargas estão fluindo livremente. Mas os estoques globais de grãos estão diminuindo e pode faltar produto.

A Rússia também é grande exportadora de todos os três grandes grupos de fertilizantes. Qualquer corte no fornecimento pode resultar em aumento adicional dos preços dos nutrientes, afetando a produtividade das lavouras e agravando a inflação de alimentos.

Faltam metais

Mesmo interrupções de curta duração podem ter impacto desproporcional em um momento em que as fábricas já enfrentam escassez de diversos metais — do alumínio ao zinco. O problema pode ser particularmente grave no mercado de paládio, no qual a Rússia responde por aproximadamente 40% da oferta.

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O país tem menos importância em metais básicos, mas o JPMorgan estima que a Rússia é responsável por 4 a 6% da produção global de refinados de cobre, alumínio e níquel.

Disparada do petróleo

Com baixa capacidade ociosa em outros países produtores, interrupções nos fluxos de petróleo da Rússia podem facilmente catapultar o preço do barril. Analistas do JPMorgan testaram a possibilidade de um pico em US$ 150. Em Londres, a cotação já se aproxima de US$100.

Cerca de metade das exportações de petróleo e condensado de gás natural da Rússia vai para a Europa. Interrupções podem causar estragos e exigir mudanças nas rotas comerciais.

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