Bloomberg — Os preços do gás natural e da eletricidade na Europa subiram mais de 10%, com as tensões sobre a escalada militar da Rússia perto da Ucrânia entrando em uma semana potencialmente decisiva, com os EUA alertando que uma invasão pode ser iminente.
O conselheiro de segurança nacional Jake Sullivan disse na sexta-feira que a inteligência indica que a Rússia pode atacar seu vizinho antes que as Olimpíadas de Pequim terminem em uma semana. O país negou repetidamente que planeja invadir, enquanto o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia minimizou as tensões no fim de semana, dizendo que não houve “mudança fundamental”.
Uma escalada corre o risco de piorar a crise energética da Europa, potencialmente atingindo os suprimentos de gás e petróleo – e aumentando o espectro de apagões. A Rússia é a principal fonte de gás natural da Europa, com cerca de um terço de suas exportações fluindo através de gasodutos ucranianos. E as instalações de armazenamento da Europa já estão em baixa, com preços cinco vezes mais altos do que o normal para esta época do ano.
Alumínio, níquel e trigo também subiram com os temores de uma escalada. O aumento dos custos de energia e outras matérias-primas já está fazendo com que a inflação suba, provocando uma crise de custo de vida que os governos estão lutando para conter.
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“O foco imediato está no potencial de uma interrupção no fornecimento de energia da Rússia para a Europa, o que seria muito difícil de lidar e poderia criar uma verdadeira escassez de energia mesmo além do desafio que já estamos vendo”, disse Jason Bordoff, diretor do Centro de Política Energética Global da Universidade de Columbia. “Mas antes disso, a Europa já estava em crise energética.”
Alta das commodities
Os preços de referência do gás europeu saltaram até 14%, para 88 euros por megawatt-hora, o maior para um contrato mais ativo desde 31 de janeiro. A eletricidade alemã para março subiu 11%, para 177 euros por megawatt-hora.
O petróleo Brent reduziu os ganhos após um aumento inicial acima de US$ 96 o barril. Os contratos futuros de carvão na Europa subiram 3,2%.
As tensões também derrubaram os mercados de metais, já que os comerciantes se preparam para possíveis interrupções no fornecimento. Os preços do níquel e do alumínio subiram na London Metal Exchange. O paládio também subiu, já que a Rússia responde por 40% da oferta do metal usado em conversores catalíticos.
A Europa já está enfrentando uma crise de energia, com a Rússia restringindo os fluxos de gás desde o verão, forçando as concessionárias a depender da queima de carvão para manter as luzes acesas. O continente também está enfrentando uma série de interrupções nucleares na França, o maior produtor atômico, com a Electricite de France alertando que a produção este ano pode cair para o menor desde 1990.
No Reino Unido, o custo de bens e serviços já está no nível mais alto em três décadas e chegará a 7% quando o teto das contas de gás e eletricidade for levantado em abril.
“Estamos enfrentando uma crise de custo de vida e a energia é um grande aspecto disso”, disse John Sinha, ativista da Campanha Contra as Mudanças Climáticas, que protestava contra as altas contas de energia em Londres no fim de semana. “As pessoas estão tendo que escolher entre comer e aquecer e a pobreza de combustível é uma questão importante.”
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As tensões também estão alimentando temores de interrupções no fornecimento de alimentos, já que a Rússia e a Ucrânia respondem por um quarto do comércio global de trigo e cerca de um quinto das vendas de milho. Qualquer interrupção desses fluxos poderia exacerbar ainda mais a escassez de grãos. Os futuros do trigo de Chicago subiam 2%, para US$ 8,20, o maior em quase três semanas.
--Com a colaboração de Eddie Spence e Megan Durisin.
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