Geoestratégia lança incertezas aos mercados, que recuam nos EUA e na Europa

Futuros de índices e bolsas europeias operam em baixa diante da possibilidade de uma invasão russa à Ucrânia

As variáveis que orientarão os mercados
14 de Fevereiro, 2022 | 09:06 AM

Barcelona, Espanha — Semana de tensão e expectativas. O cenário geopolítico lança incertezas aos mercados na medida em que agita os preços das commodities e pode afetar as zonas de influência comercial e militar mundiais. A Rússia invadirá a Ucrânia? Diante desta hipótese, como reagirão o Estados Unidos e a China?

Os Estados Unidos advertem que uma invasão pode ser iminente e o presidente russo Vladimir Putin acusa os EUA de não atender às suas exigências. A Rússia tem repetidamente negado seus planos de invadir seu vizinho e um impulso diplomático para tentar resolver a situação continua, com o chanceler alemão Olaf Scholz viajando para Kiev um dia antes de ir para Moscou.

  • ⬇️ Como era de se esperar, os mercados começaram o dia em alerta. Tanto as bolsas europeias como os futuros de índices nos EUA operam com desvalorização. Os prêmios dos bônus soberanos de ambos lados do Atlântico caíam, enquanto o ouro, em um movimento defensivo nos mercados, subia.

Uma deterioração na Ucrânia poderia suscitar preocupações sobre as pressões de preços se o fornecimento de energia russa for interrompido. Os preços mais altos da energia já impulsionaram a inflação em toda a Europa, provocando uma crise de custo de vida que tem levado vários governos a intervir para ajudar a amortecer o golpe do aumento das contas de energia para os consumidores.

Além disso, a Rússia é um grande produtor de metais como o alumínio e o níquel - representa cerca de 40% do fornecimento do paládio, utilizado em conversores catalíticos. A Rússia e a Ucrânia também são responsáveis por quase um terço das exportações de trigo e cevada, e os preços do trigo continuaram a avançar na segunda-feira.

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Os preços europeus do gás natural saltam com as instalações de armazenamento funcionando em baixa e a preocupação com qualquer interrupção no fornecimento da Rússia, a principal provedor de gás do continente. Os preços do petróleo caíam após ganhos da semana passada, com as cotações cada vez mais voláteis diante das tensões geopolíticas. O West Texas Intermediate (WT) era negociado perto dos US$ 93, depois de subir para perto de US$ 95 o barril.

🧩 Puzzle econômico-financeiro

Além do mar de incertezas derivado da possibilidade de um ataque russo à Ucrânia, o mercado tem outras variáveis para acompanhar nesta semana. A principal é a minuta do Federal Reserve (Fed) referente à reunião de política monetária do final de janeiro, prevista para sair na quarta-feira.

Os investidores buscam peças para montar o grande quebra-cabeças que ilustra a relação entre o esperado aperto monetário, a inflação galopante e a expansão econômica. E também buscam respostas sobre a sinalização do Fed de que reduzirá seu balanço patrimonial, o que enxugaria mais a liquidez do mercado.

📊 Mais variáveis

Dados relevantes sobre diversas economias mundiais, como indicadores de inflação, de produção e de emprego, serão divulgados ao longo da semana. Os balanços corporativos também indicarão caminhos aos mercados.

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Mercados nervosos por tensão geopolítica

🟢 As bolsas na sexta-feira: Dow (-1,43%), S&P 500 (-1,90%), Nasdaq (-2,78%), Stoxx 600 (-0,59%), Ibovespa (+0,18%)

As bolsas americanas sofreram outro golpe, somando-se aos dados de inflação divulgados na quinta-feira que mostraram que o custo de vida foi o que mais subiu em 40 anos. Todos os três principais índices aprofundaram as perdas, após um aviso dos EUA de que uma invasão russa da Ucrânia poderia se materializar nos próximos dias.

Na agenda

Esta é a agenda prevista para hoje:

Europa: Zona do euro (Produção Industrial/Dez); O chanceler alemão Olaf Scholz viaja hoje para a Ucrânia e para a Rússia no dia seguinte

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Japão: (PIB/4Tri21)

Bancos Centrais: Pronunciamento da presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde. James Bullard, presidente do Fed de St. Louis, fala à CNBC

Na América Latina: Brasil (Boletim Focus); Colômbia (Balança comercial, Vendas ao verejo, Produção industrial/Dez)

E para o resto da semana:

• Inflação ao produtor dos EUA (terça-feira)

• Inventários de petróleo bruto EIA (quarta-feira)

• 📌 Ata do Fomc (quarta-feira)

• Inflação ao consumidor e ao produtor da China (quarta-feira)

• Grupo de 20 ministros das finanças e governadores de bancos centrais se reúnem na Indonésia (quinta-feira)

• Discursos da presidente do Fed de Cleveland, Loretta Mester, e do presidente do Fed de St. Louis, James Bullard (quinta-feira)

• Boletim econômico do Banco Central Europeu (quinta-feira)

• Fórum de Política Monetária dos EUA: palestrantes incluindo funcionários do Fed Charles Evans, Christopher Waller e Lael Brainard (sexta-feira)

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-- Com informações de Bloomberg News

Michelly Teixeira

Jornalista com mais de 20 anos como editora e repórter. Em seus 13 anos de Espanha, trabalhou na Radio Nacional de España/RNE e colaborou com a agência REDD Intelligence. No Brasil, passou pelas redações do Valor, Agência Estado e Gazeta Mercantil. Tem um MBA em Finanças, é pós-graduada em Marketing e fez um mestrado em Digital Business na ESADE.