Compra da Extrafarma pela Pague Menos: há risco de Cade frear negócio?

Após órgão antitruste declarar “complexa” a transação, analistas olham histórico de outros negócios: maioria é aprovado

Por

São Paulo — O histórico de aquisições consideradas “complexas” pela área técnica do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) aponta que a grande maioria dos negócios acaba resultando em aprovações pelo órgão antitruste. Essa é a expectativa de analistas da XP para a compra da Extrafarma, da Ultrapar (UGPA3), pela Pague Menos (PGMN3), que deve receber um parecer final entre 60 e 90 dias, ou seja, em meados do segundo trimestre deste ano. A transação é importante porque cria a segunda maior rede de farmácias do Brasil.

Na última sexta (11), a Superintendência-Geral do Cade publicou despacho declarando “complexo” o processo de aquisição da Extrafarma pela Pague Menos, segundo fatos relevantes divulgados pelas duas companhias.

Veja mais: Reajuste médio de medicamentos pode atingir 9% em 2022, diz Pague Menos

A Pague Menos disse que o despacho “em nada altera as comunicações já realizadas ao mercado sobre a transação”, enquanto a Ultrapar, dona da Extrafarma, afirmou que as “companhias seguem trabalhando junto ao Cade de forma transparente para fornecer todos os esclarecimentos que se façam necessários”.

Em relatório assinado pelos analistas Danniela Eiger, Gustavo Senday e Thiago Suedt, a XP diz que se trata de “uma etapa comum em aquisições como essa com outros deals tendo passado pelo mesmo processo” e cita os seguintes exemplos:

  1. CRFB e Grupo BIG
  2. Ultrapar e Alesat
  3. BMF&Bovespa e Cetip
  4. venda da Oi Móvel
  5. Hapvida e Notre Dame
  6. Ambev e Red Bull (distribuição)

Desses negócios, apenas Ultrapar e Alesat não foi aprovado, observam os analistas da XP. “Não vemos o anúncio como um motivo para preocupação com a aprovação do deal. No entanto, pode aumentar o risco da recomendação de remédios”, escreveram os especialistas.

A plataforma de serviços financeiros manteve sua recomendação de compra para o papel com preço alvo de R$ 13.

Marco do setor

A Pague Menos formalizou no dia 18 de maio de 2021 a aquisição da Imifarma Produtos Farmacêuticos e Cosméticos S.A. (Extrafarma) pelo valor de R$ 700 milhões (Enterprise Value). A transação foi considerada um marco importante em sua história recente, sendo o início de uma nova fase de crescimento da companhia. A Extrafarma tem mais de 400 lojas, distribuídas em 10 estados, que totalizaram faturamento de R$ 2,1 bilhões em 2020. Com a aquisição, a Pague Menos se torna a segunda maior rede de farmácias do país em número de lojas.

Veja mais: RaiaDrogasil espera dobrar coleta de medicamentos vencidos em um ano

A companhia cearense aguarda a aprovação do Cade e a conclusão da operação para iniciar o processo de integração dos ativos da Extrafarma, de forma a maximizar a captura de sinergias. A Pague Menos disse já ter o mapeamento e o planejamento detalhado da futura integração para a geração de valor. Isso foi possível porque, desde o ano passado, a companhia estruturou um escritório de integração, com um time de executivos seniores dedicados full time ao projeto, além de consultoria especializada e equipes de trabalho nas principais áreas de negócio.

A Pague Menos marcou a divulgação do seu resultado financeiro do quarto trimestre de 2021 para o dia 28 de março.