Bloomberg — As vítimas do notório “Golpista do Tinder” estão tentando recuperar o que perderam por meio de uma página na plataforma de crowdfunding GoFundMe.
Depois que um documentário da Netflix detalhou como Simon Leviev enganava as mulheres que conhecia no Tinder para que lhe dessem dinheiro, as três mulheres em destaque na produção – Cecilie Fjellhøy, Pernilla Sjoholm e Ayleen Charlotte – iniciaram esforços de arrecadação de fundos e já conseguiram levantar cerca de 56 mil libras (US$ 75 mil). O valor é superior aos 150 mil shekels (US$ 47 mil) que Leviev foi condenado a pagar para suas vítimas em uma ordem judicial israelense de 2020 – sendo essa uma das poucas consequências que ele teve que enfrentar por suas ações.
O golpe, que se estima ter tirado US$ 10 milhões das vítimas, explodiu nas mídias sociais nesta semana, gerando indignação pelo fato de Leviev estar atualmente livre depois de ter cumprido apenas cinco meses de prisão por seus crimes. Fraudes on-line não são nenhuma novidade, mas as táticas audaciosas de Leviev – como alegar ser o CEO de uma empresa de diamantes ameaçado por inimigos – e suas táticas de mídia social encapsulam a atual era digital na qual se tornou extremamente fácil enviar milhares de dólares instantaneamente.
Fjellhøy, Sjoholm e Charlotte iniciaram o GoFundMe porque “muitas pessoas perguntaram se tínhamos uma página, e não tínhamos pensado em fazê-lo antes”, escreveram as mulheres na descrição de sua iniciativa. “O amor que recebemos é maior do que esperávamos, e agradecemos muito a todos”.
Seu objetivo é levantar 600 mil libras. Sjoholm disse à revista GQ que Leviev roubou entre 50 mil e 60 mil libras dela, e agora ela está falida e morando com a mãe. Fjellhøy ficou com mais de 200 mil libras em dívida.
Leviev – que anteriormente era Shimon Hayut – foi banido do Tinder, mas segundo o documentário da Netflix, ainda vive no luxo, com um jato particular e uma nova namorada.
Suas vítimas estão longe de estarem sozinhas. Golpistas que usam romance como isca roubaram um recorde de US$ 304 milhões em 2020 – um aumento de 50% em relação ao ano anterior, de segundo a Comissão Federal de Comércio dos Estados Unidos.
Militantes pedem mais esforços para erradicar esses crimes, principalmente devido ao fato de que a pandemia tornou a comunicação virtual mais comum.
“Isso incentiva as pessoas a fazê-lo porque poucos golpistas são pegos”, disse Debby Montgomery Johnson, diretora da Sociedade de Cidadãos Contra Golpes de Relacionamento e sobrevivente de um golpe on-line. “Os governos não entendem o tamanho do problema”.
De fato, alguns golpistas enxergam as oportunidades em qualquer lugar. Várias páginas falsas do GoFundMe apareceram, alegando apoiar as vítimas de Leviev.
“Encontramos muitos perfis falsos, o que nos deixa desconfortáveis”, escreveram as mulheres em sua página. “Não queremos que mais pessoas caiam em fraudes”.
--Este texto foi traduzido por Bianca Carlos, localization specialist da Bloomberg Línea.
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