Quem é quem na campanha de Jair Bolsonaro

Responsabilidades do comitê se dividem entre Flávio, Ciro Nogueira e Valdemar Costa Neto

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Bloomberg Línea — A oito meses da eleição e com a missão de reduzir a dianteira de Lula nas pesquisas, a campanha da reeleição do presidente Jair Bolsonaro está nas mãos de Flávio Bolsonaro, que tem a confiança do pai; o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP-PI), que representa o Centrão; e Valdemar Costa Neto, presidente do PL.

Pelo menos desde que o presidente se filiou ao PL, em novembro do ano passado, o combinado era que o esforço eleitoral seria dividido entre os três.

Não havia divisão clara de tarefas, mas Flávio, até por ser o filho mais velho do presidente, e, consequentemente, seu maior interlocutor, centralizava a maior parte das decisões da campanha.

Ciro ficaria com a articulação junto aos partidos e Valdemar, como presidente da nova legenda de Bolsonaro, seria o incumbido de dar estrutura ao comitê.

Entretanto, pessoas próximas à campanha contaram à Bloomberg Línea, sob a condição de não serem identificadas, que isso vem mudando de algumas semanas para cá.

Por exemplo: pelo arranjo original, Flávio seria o responsável pela articulação com as lideranças estaduais. Mas há reclamações de que o senador tem ficado inacessível e não atende mais o telefone. Muitas lideranças têm, então, procurado Valdemar e o PL para negociar.

E o ex-deputado tem aproveitado. O marqueteiro cotado para assumir a campanha, por exemplo, é Duda Lima, de confiança do PL. Se ele for confirmado, vai trabalhar em parceria com Carlos Bolsonaro, que cuidará das redes sociais, assim como fez em 2018.

Na próxima terça-feira (15), o PL deve fechar contrato com o advogado Tarcísio Vieira de Carvalho, ex-ministro do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), para que ele trabalhe para a campanha. A estratégia jurídica ainda não está definida, mas provavelmente será tocada por vários escritórios, cada um em uma frente.

Alguns aliados de Bolsonaro têm reclamado da naturalidade com que Valdemar vem ocupando alguns espaços na campanha. Queixam-se que ele vem até mesmo negociando ministérios, de olho nos 11 ministros que devem se demitir para concorrer nas eleições de outubro, e nos mapeamentos das novas correlações de forças que devem surgir depois das eleições nos estados.

O que se tem como favas contadas é que o arranjo inicial, em que tudo seria negociado entre o PL, o PTB de Roberto Jefferson e o PP de Ciro Nogueira, já não existe mais.

A ala ligada a Jefferson no PTB, chamada de “robertista” por adversários, vem brigando com a atual presidente, Graciela Nienov. Ela foi posta no cargo depois do afastamento de Jefferson das funções partidárias, mas é acusada de se aliar a Valdemar Costa Neto para alijar Roberto Jefferson da legenda.

Enquanto isso, tanto CIro quanto Arthur Lira (PP-PI), presidente da Câmara, vêm fazendo acenos ao PT e a Lula, diante do quadro cada vez mais consolidado de favoritismo do ex-presidente para outubro.