Bloomberg — Empresários pesos pesados têm conversado com aliados do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para discutir uma agenda de governabilidade. A avaliação do setor produtivo é que alguns temas, incluindo o teto de gastos, são urgentes e precisam estar bem amarrados ainda este ano para que o próximo governo comece sem precisar de um debate que parta da estaca zero.
Lula, por sua vez, quer um político para liderar a equipe econômica caso vença a disputa eleitoral. Para o ex-presidente, o Ministério da Economia tem um quadro técnico qualificado capaz de operacionalizar ações que o governo queira implementar.
O que falta hoje, segundo os petistas, é alguém com capacidade de construir pontes com o Congresso para que a agenda econômica avance. Lula não quer que seu ministro fique como Paulo Guedes, que ele chama de camelô que só quer vender estatais e não resolve nada.
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Descompasso
O presidente da Câmara, Arthur Lira, e o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, estão em descompasso quando o assunto é Lula. A avaliação do entorno de Lira é que Nogueira erra ao atacar o ex-presidente e o PT de frente e dizer que tem mais identificação com o que foi feito no governo do presidente Jair Bolsonaro.
Por mais que precise abraçar o governo até às vésperas da eleição e queira capitalizar em cima de obras que serão feitas nos estados com dinheiro do Orçamento de 2022, a avaliação é que Nogueira poderia ser mais sutil e adotar um discurso moderado. Da boca de Lira, diz um interlocutor, não sairá nada que depois não possa ser retirado caso o ex-presidente vença a disputa de 2022.
Dormiu no ponto
Petistas ficaram alertas ao perceber que o partido perdeu a oportunidade de expor Bolsonaro no Nordeste, região onde o presidente tenta crescer com o Auxílio Brasil. Além de se referir aos nordestinos como pau de arara, o presidente anulou os lutos de Dom Helder Câmara e Frei Damião, duas figuras importantes para os fiéis locais. Integrantes no partido lembram que o gabinete do ódio tem domínio na internet, campo em que a equipe de Lula terá que ganhar espaço.
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Interesse próprio
No PT, há quem entenda que não é só nos interesses do PSB que Carlos Siqueira está pensando quando apresenta resistência à federação. Petistas veem Siqueira esticando a corda para chegar em abril com o maior número de candidatos próprios possível nos estados, movimento que pode viabilizar sua permanência na presidência do PSB.
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