Bloomberg — As vendas do Twitter (TWTR) aumentaram 22% no quarto trimestre, sinalizando que o negócio de publicidade digital da rede social se manteve, mesmo com as mudanças nas regras de coleta de dados da Apple (AAPL) prejudicando alguns rivais maiores.
As vendas no trimestre de festas de fim de ano subiram para US$ 1,57 bilhão, em comparação com os US$ 1,58 bilhão previstos pelos analistas. A expectativa de receita no período atual é de US$ 1,17 bilhão a US$ 1,27 bilhão, disse o Twitter na quinta-feira (10) em comunicado, enquanto a projeção média foi de US$ 1,26 bilhão. A empresa ganhou 6 milhões novos usuários no quarto trimestre, elevando a média diária de usuários ativos para 217 milhões. Isso representa um aumento de 13% em relação ao ano anterior e estava dentro das estimativas.
A modesta previsão de receita se deve parcialmente à recente venda por parte do Twitter da plataforma de anúncios MoPub, disse o diretor financeiro, Ned Segal. A MoPub gerou US$ 281 milhões em receita no ano passado, incluindo US$ 51 milhões durante o primeiro trimestre. O Twitter vendeu a MoPub para a AppLovin, por US$ 1,05 bilhão em dinheiro, em um negócio fechado em 1º de janeiro. Os funcionários que trabalhavam na MoPub começaram a desenvolver outros produtos publicitários, disse Segal.
“Achamos que podemos compensar parte disso em 2022″, disse ele, referindo-se ao impacto na receita. “Mas devemos ser capazes de compensar tudo isso em 2023.” O Twitter disse que espera um crescimento de receita para o ano inteiro numa faixa em torno de 20% em 2022, excluindo as vendas da MoPub. Analistas de Wall Street, em média, estimam que a receita do Twitter aumentará 20% em 2022.
As ações do Twitter subiram cerca de 5,3% no início das negociações após o balanço. As ações acumulam queda de 12% até agora este ano. O conselho da empresa também aprovou uma autorização de recompra de ações de US$ 4 bilhões, dos quais US$ 2 bilhões serão uma “recompra acelerada de ações”, de acordo com uma carta aos acionistas.
A rede social também disse que as recentes mudanças nas regras de privacidade da Apple, que agora exigem que empresas como o Twitter peçam permissão explicitamente antes de coletar dados de usuários em dispositivos da Apple, terão um impacto “modesto” nos negócios do Twitter no futuro. O Twitter, o Facebook, da Meta Platforms (FB) e outras plataformas online usam informações coletadas de dispositivos móveis como iPhones para segmentar usuários com publicidade.
Ao contrário dos concorrentes de mídia social, Meta e Snap (SNAP), o Twitter ganha a maior parte de seu dinheiro com publicidade de marca, que requer menos dados de segmentação do que outros tipos de anúncios online, conhecidos como anúncios de resposta direta, que visam um resultado específico - como a instalação de um aplicativo. A Meta, que também é dona do Instagram, estimou na semana passada que as mudanças nas configurações de privacidade custarão à empresa US$ 10 bilhões em receita de publicidade este ano.
Embora o foco do Twitter na publicidade da marca possa estar ajudando a evitar uma disrupção maior, a empresa também está tentando criar mais demanda por anúncios de resposta direta, que podem ser mais lucrativos. Em algum momento, a empresa espera que 50% de sua receita de publicidade venha desses tipos de anúncios altamente segmentados. Hoje, apenas 15% dos anúncios do Twitter são considerados de resposta direta.
O Twitter, com sede em São Francisco, está entrando em um novo capítulo, após a inesperada renúncia do cofundador, Jack Dorsey, como CEO em novembro e a nomeação do ex-diretor de tecnologia, Parag Agrawal, para assumir o cargo principal. O Twitter está sendo pressionado a avançar mais rapidamente no desenvolvimento de novos produtos, e a empresa estabeleceu metas ambiciosas de receita e aumento no número de usuários em um encontro com analistas, no ano passado, para convencer investidores céticos de que estava levando a sério a expansão de seus negócios. Embora o Twitter tenha crescido de forma constante por anos, os ganhos em suas ações ficaram atrás dos pares do setor.
Agrawal falará com analistas em sua primeira teleconferência de resultados como CEO na manhã de quinta-feira (10).
– Esta notícia foi traduzida por Marcelle Castro, Localization Specialist da Bloomberg Línea.
Veja mais em bloomberg.com
Leia também