Inflação dos EUA dá as cartas e mercados operam em modo espera

Bolsas na Europa se sustentam no campo positivo com ligeiras altas, mas futuros de índices nos EUA operam sem direção definida

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Barcelona, Espanha — A cautela dá o tom nos mercados financeiros em dia de divulgação do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) dos Estados Unidos. Se por um lado os balanços corporativos dão impulso aos negócios, por outro os investidores querem esperar para ver. Os futuros de índice de ações dos EUA operavam com variações mistas, enquanto na Europa registravam pequenas variações, tendo o Stoxx 600 oscilado entre o negativo e o positivo na manhã de hoje.

Nos EUA, ações como as da Walt Disney Co. (DIS) subiam na pré-abertura das bolsas, ajudadas pelo anúncio de ganhos robustos. Twitter Inc., cujos resultados saem hoje, também subia.

Os prêmios dos títulos de 10 anos Tesouro norte-americano estavam estáveis, mas os rendimentos da maior parte dos bônus europeus avançavam. O petróleo bruto WTI era cotado acima dos US$ 90 por barril e o ouro cedia ligeiramente, depois de registrar a maior alta em duas semanas, sustentado por posições defensivas contra a inflação e a tensão geopolítica.

👀 Dia de expectativas

Não é de hoje que a inflação vem exercendo um grande poder de influência sobre os mercados. Porém, o IPC dos EUA referente a janeiro ganha um matiz especial.

Primeiro, o indicador sucederá a mudança na percepção do Federal Reserve (Fed) sobre a insistente escalada dos preços. Qualquer leitura acima do consenso de 7,2% dos analistas gerará mais tensão com relação à política monetária do Fed. Pode colocar o banco central dos EUA mais perto de considerar o maior aumento na taxa básica de juros em mais de duas décadas.

💸 O desafio do Fed

A leitura anterior do IPC, de 7% na base anual, representa o nível mais alto desde 1982. Se a inflação apertar o passo, poderá requerer uma ação mais enérgica do que aquela já sinalizada pelo banco central. O mercado aguarda cinco subidas de 0,25 ponto percentual dos juros norte-americanos, a começar em março. Conforme o resultado do IPC, o Fed poderia considerar o primeiro acréscimo de 0,50 ponto percentual na taxa básica de juros desde 2000, em vez de um movimento típico de 0,25 ponto.

A presidente do Fed de Cleveland, Loretta Mester, e o dirigente do banco central em Atlanta, Raphael Bostic, disseram que todas as opções estão na mesa para o tamanho do primeiro aumento da taxa de juros em março, mas Mester não vê um “caso convincente” para uma avanço de 50 pontos de base. Eles indicaram que preferem que o Fed comece a reduzir seu balanço em breve.

🦠 Efeito ômicron

Outro componente que lança dúvidas e aumenta as expectativas com relação ao IPC é o efeito ômicron. O IPC de hoje deve refletir o aumento dos contágios no final do ano passado, o que pode levar a alguma distorção na série do indicador.

🧐 Muitas variáveis no front

Os balanços corporativos seguem a pleno vapor. No momento, a influência dos resultados das empresas sobre os mercados tem sido mais positiva que negativa. O quadro geopolítico também pesa. O tema Rússia/ Ucrânia segue em aberto e os preços da energia, que constitui a principal pressão sobre os preços, estão à mercê das decisões de Vladimir Putin.

🧘‍♂️ Os investidores terão, portanto, que controlar a ansiedade para balizar suas apostas.

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🟢 As bolsas ontem: Dow (+0,86%), S&P 500 (+1,45%), Nasdaq (+2,08%), Stoxx 600 (+1,72%), Ibovespa (+0,20%)

As bolsas de valores americanas encadearam o segundo dia de ganhos. Apesar dos receios de uma política monetária mais restritiva, os relatórios trimestrais das empresas têm ajudado a apoiar os ganhos do mercado acionário. Cerca de 76% das 317 empresas S&P 500 que já informaram seus resultados superaram as estimativas, com os lucros chegando em quase 6% acima dos níveis projetados.

Na agenda

Esta é a agenda prevista para hoje:

EUA: IPC (Jan); Pedidos iniciais de seguro-desemprego; Declaração de orçamento (Jan), Relatório mensal da OPEP, Estoque de gás natural

Europa: Comissão Europeia divulga suas previsões econômicas

Ásia: Decisão de política monetária da Índia; China (Crescimento dos Empréstimos)

Bancos centrais: Pronunciamentos de Andrew Bailey (dirigente do Banco da Inglaterra), Luis de Guindos (vice-presidente do BCE), Philip Lane e François Villeroy (BCE) e Joachim Wuermeling (BC alemão)

Balanços do dia: The Coca-Cola Company, PepsiCo, Philip Morris International e Twitter

América Latina: Brasil (Crescimento do Setor de Serviços/Dez), México (Reunião do Banco Central), Peru (Reunião do Banco Central); Colômbia (Estudo da OCDE sobre a economia do país); Chile (Minuta da reunião de política monetária/Jan)

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-- Com informações de Bloomberg News