Opinión - Bloomberg

Disney+: Aumento de assinantes tranquiliza investidores, por ora

A Disney informou que o Disney+ teve aumento de 11,8 milhões de novos assinantes nos três meses encerrados em 1º de janeiro

Notícias dos ganhos de assinantes fizeram as ações da Disney subirem
Tempo de leitura: 3 minutos

Bloomberg — O negócio de streaming está estagnando?

Não se olharmos para o forte crescimento no número de assinantes da Disney no último trimestre.

A Walt Disney (DIS) informou que seu serviço de streaming Disney+ teve um aumento de 11,8 milhões de novos assinantes nos três meses encerrados em 1º de janeiro, bem acima dos 8,2 milhões previstos por Wall Street. Os resultados devem dirimir dúvidas de que a empresa não conseguirá atingir sua projeção de longo prazo entre 230 milhões e 260 milhões de assinantes do Disney+ até 2024. A Disney encerrou o trimestre com 129,8 milhões de assinantes.

Veja mais: Disney divulga balanço e supera com folga as estimativas do streaming

PUBLICIDADE

As notícias dos ganhos de assinantes fizeram as ações da Disney subirem cerca de 7% nas negociações após o expediente. A gigante do entretenimento registrou vendas totais de US$ 21,8 bilhões, enquanto os lucros subiram para US$ 1,06 por ação, superando a estimativa média dos analistas de 57 centavos por ação e em comparação com 32 centavos no mesmo período do ano anterior.

Nos últimos meses, os investidores ficaram cada vez mais pessimistas em relação à Disney e outras empresas assumirem grandes compromissos no streaming. As ações da Disney caíram 27% em relação ao pico de março de 2021 no fechamento de hoje. As preocupações com o crescimento de assinantes se intensificaram no mês passado, depois que a rival Netflix previu seu pior começo de ano em pelo menos uma década, arrastando as ações de toda a indústria de streaming para baixo.

Atrasos de produção na Disney relacionados à covid aumentaram a incerteza em torno do negócio de streaming.

PUBLICIDADE

Mesmo que o Disney+ atinja as suas ambiciosas expectativas de crescimento, está gastando quantias exorbitantes para chegar lá. A Disney aumentou seu orçamento geral de conteúdo para US$ 33 bilhões em 2022, um valor que atrasará a lucratividade do negócio para além de 2023, segundo analistas da Bloomberg Intelligence.

A empresa também está desfrutando de uma forte recuperação em seus negócios de parques temáticos, à medida que as pessoas se sentem à vontade para retornar às atividades de lazer. A receita da Parks mais que dobrou para US$ 7,2 bilhões em comparação com o mesmo trimestre do ano anterior. Isso ocorreu depois que os parques temáticos Universal da Comcast reportaram seu trimestre mais lucrativo no mês passado. Com a queda da ômicron, a Disney deve continuar vendo um desempenho sólido em seus negócios de parques, oferecendo mais vantagens aos investidores, que apostam em um retorno ao normal a partir daqui.

Os resultados foram menos impressionantes na grande divisão de streaming e cabo da Disney, que inclui redes como ESPN e ABC. A receita do trimestre ficou estável em US$ 7,7 bilhões, enquanto a receita operacional diminuiu 13%, para US$ 1,5 bilhão.

Isso torna ainda mais importante o impulso do streaming. Um ponto positivo nesse esforço é o mais recente filme de animação da Disney, “Encanto”, que tem sido popular no serviço de streaming. Ele não se saiu tão bem nos cinemas, pois os medos relacionados à covid mantiveram os espectadores afastados.

PUBLICIDADE

“Encanto” não necessariamente ajudará a Disney a atrair assinantes fora de seu principal mercado voltado para a família. A Disney disse hoje que quer adicionar entretenimento mais geral ao Disney + para ampliar seu alcance além das famílias, mas ainda tem algo a ver com o vasto acervo oferecido por empresas como a Netflix e a HBO. Sua oferta de pacotes com o Hulu, que sozinho possui 45 milhões de assinantes, ajudou a impulsionar parte do crescimento de assinantes no Disney+.

Para se conectar com novos espectadores, o Disney+ precisará aumentar a seleção de conteúdo. Caso contrário, pode continuar a ver assinantes aderirem ao canal para assitirem um filme ou série específica apenas e depois cancelar, como milhões parecem ter feito após o lançamento de “Hamilton” em 2020. O Disney + tem uma grande lista de filmes e séries programados para 2022, com lançamentos agendados para a segunda metade do ano.

Mas com o padrão mais baixo depois que a Disney relatou apenas 2,1 milhões de novos assinantes no trimestre anterior, 2022 parece estar em um bom começo.

PUBLICIDADE

– Este texto foi traduzida por Marcelle Castro, localization specialist da Bloomberg Línea.

Este texto não reflete necessariamente a opinião do conselho editorial ou da Bloomberg LP e seus proprietários.

David Wainer é colunista da Bloomberg Opinion de negócios de entretenimento e telecomunicações. Ele cobriu mercados, saúde, economia e assuntos internacionais para a Bloomberg News.

Veja mais em bloomberg.com

Leia também